quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Com a palavra, o deputado federal Jean Wyllys, do PSOL

Fé cega, faca amolada

Jean Wyllys 21 de junho de 2011 às 5:00h
O episódio envolvendo o projeto Escola Sem Homofobia do MEC e a marcha cristã contra o PLC 122 (que revê punições para quem viola a dignidade e os direitos de minorias vulneráveis, como idosos, pessoas com deficiências e LGBTs) me suscitaram uma questão que está ligada ao crescimento do fundamentalismo religioso e aos esforços deste para converter seus dogmas em leis para todos. A questão nos leva a crer que o Estado laico e de direito, as liberdades civis e o humanismo estão ameaçados pelo fundamentalismo cristão (católico e, sobretudo, evangélico neopentecostal).


Em primeiro lugar, quero ressaltar que não estou me referindo à totalidade dos crentes cristãos, mas apenas aos fundamentalistas. Conheço muitos crentes católicos e evangélicos que comungam do respeito (e até se sacrificam) pelas liberdades, pela justiça e pela humanidade. Eu mesmo fui educado no cristianismo católico e herdei, do catecismo e das comunidades eclesiais de base, o humanismo e o amor pelo outro que hoje defendo, embora não seja mais católico. Há muitos outros crentes que defendem o mesmo. Mas não é o caso dos fundamentalistas.
Cristãos fundamentalistas são aqueles que crêem na Bíblia sem interpretá-la. Acreditam nos fundamentos de sua religião como verdades absolutas e inquestionáveis – e a Bíblia, como um texto literário escrito em contexto histórico e social bastante diferente do nosso, na maioria de suas passagens não deve ser tomada ao pé da letra. O fundamentalismo religioso tem, então, total identidade com o fanatismo e com o obscurantismo.
As idéias de cristãos fundamentalistas acerca da homossexualidade – de que esta é uma doença ou um “pecado mortal” e que os homossexuais vivem em pecado e que, portanto, “não herdarão o reino dos céus” – são obscurantistas e fanáticas e abrem mão da razão. Esses “cristãos” – muitos deles ocupando espaços na tevê, nas Assembléias Legislativas, Câmaras de Vereadores e no Congresso Nacional – querem que mulheres e homens vivam segundo leis e valores descritos em um livro (a Bíblia) escrito há dezenas de séculos antes de nós. Querem que joguemos fora todas as descobertas científicas e argumentos filosóficos acumulados nos últimos dois mil anos de discurso humano para vivermos conforme vivem os personagens da Bíblia. Não! Mulheres e homens precisam desenvolver suas virtudes e possibilidades humanas, precisam ser humanistas e lutar pelas liberdades civis.
Não se calar diante da tagarelice desses parlamentares e de outros fundamentalistas é, portanto, lutar pela respeito mútuo entre os diferentes, pela solidariedade entre os seres humanos, pela liberdade de crença e de descrença (sim, ateus e agnósticos têm o direito de não crer e nem por isso devem ser considerados pessoas sem ética) e pela laicidade. Em seu Artigo 19, a Constituição afirma que o estado brasileiro é laico e que, como tal, não deve nem pode estabelecer preferências entre as religiões. O texto constitucional dá à pessoa humana o direito de acreditar ou não em um ser divino, mas, afirma que o estado não tem sentimento religioso.
A história nos mostra que o fundamentalismo em qualquer religião só leva as pessoas ao autoritarismo, à escravidão e à violência. Fundamentalistas não têm compromisso com a ética que assegura a vida nem com o bem-estar de todos. Essa gente quer estabelecer a paz dos cemitérios. Como diz a letra da canção, “fé cega, faca amolada”.


Jean Wyllys
Jornalista e linguista, é deputado federal pelo PSOL-RJ e integrante da frente parlamentar em defesa dos direitos LGBT.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Som da Semana

Salve todas e todos!

No Som da Semana desta semana, vamos com duas pancadas de Criolo. Tirados do CD "Nó Na Orelha", com produção de Daniel Ganjaman e Marcelo Cabral, o rapper, cantor e compositor mostra nas faixas "Não Existe Amor Em SP" e  "Subirusdoistiozim" porque é o cara mais comentado na música hoje.
Se liga e ouve aí:

"Não Existe Amor Em SP"
http://youtu.be/f35HluEYpDs

"Subirusdoistiozim"
http://youtu.be/OgBSbREVls0

Deu no Diário de São Paulo

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta sexta os resultados do estudo "Pesquisa das Características Étnico-Raciais da População: um Estudo das Categorias de Classificação de Cor ou Raça", realizado em seis Estados. Segundo a pesquisa, mais da metade dos entrevistados (63,7%) disseram que a cor ou raça influencia a vida das pessoas.

A principal situação em que isso acontece, segundo os entrevistados, é no trabalho, citado por 71%, seguida por "relação com justiça/polícia" (68,3%), "convívio social" (65%), "escola" (59,3%) e "repartições públicas" (51,3%). As informações foram coletadas em 2008, em uma amostra de cerca de 15 mil domicílios, no Amazonas, Paraíba, São Paulo, Rio Grande do Sul, Mato Grosso e Distrito Federal.

Aqui se fez, agora paga!

Salve todas e todos!

Vocês se lembram do artigo "Em defesa da instituição", em que postei dia 28 de janeiro? Nesta postagem, eu ironizava os "vigias" do comércio que, como em vários e vários casos, perseguiram e constrangeram um garoto negro de 10 anos de idade, acusando-o de roubar em uma loja do Pão de Acúcar, mesmo com o garoto apresentando nota fiscal da mercadoria que portava.

Pois bem, segundo a assessoria de imprensa do GPA (Grupo Pão de Açúcar), à época em que a história repercutiu na mídia, eles foram demitidos, e, ontem, a empresa pagou uma indeniação de 260 mil reais ao garoto e sua família.

Bem feito! Que sirva de exemplo: pras empresas preparaem melhor seus funcionários para lidarem com a diversidade, e para as vítimas denunciarem sempre, e não desistirem nunca!

terça-feira, 19 de julho de 2011

93 Anos de Nelson Mandela

Nós ativistas de toda e qualquer corrente de lutas sociais, que lutamos por um mundo mais justo, igualitário e democrático, temos de celebrar a data de hoje. Chega aos 93 anos de vida, Nelson Mandela, líder negro sul-africano e principal articulador da luta anti-apartheid, política governamental segregacionista, da África do Sul.

Parabéns Madiba,

abraço a todas e todos!

sábado, 2 de julho de 2011

Som da Semana

Salve todas e todos!

Pra esquentar o clima nessa friaca (p.q.p., como eu odeio frio!!!!), vamos de Rage Against The Machine, banda super politizada que praticamente inventou o new metal, com "Killing In The Name". Presta atenção na letra e sai pulando!

Abraço!

Rage Against The Machine - "Killing In The Name"

http://youtu.be/rVcEGeRdEGw

Funk Carioca para leigos

Eletro-funk Carioca
Esse é o nome verdadeiro do ritmo criado no Brasil (isso mesmo! No Brasil!) que ganhou as pistas, as ruas e os quadris de brasileiros e europeus

O “funk” que se ouve nos “bailes funk” Brasil afora é, como quase tudo que vem da periferia, de uma mistura de pouca informação, muito talento de improvisação, capacidade de adaptação e o molho de criatividade que só o brasileiro tem. Nossa história começa nos anos 70, quando toda a negrada de todas as quebradas das capitais do eixo Sul-Sudeste tinham, como forma de lazer, os bailes blacks. Disco music, funk, soul e samba-rock embalavam as juventudes negras e brancas pobres das metrópoles. No Rio de Janeiro, o termo “baile black” não era muito utilizado, o que se dizia por lá era “baile funk”, já que este era o ritmo que imperava.

Pois bem, esta é apenas uma das peculiaridades dos bailes do Rio. Outra peculiaridade é que, se compararmos a São Paulo, encontraremos outras diferenças vitais para entendermos como chegamos ao “funk” de hoje: São Paulo e Rio tinham basicamente o mesmo repertório de sons, mas os cariocas sempre preferiram os ritmos mais rápidos. Funks com batidas mais frenéticas, enquanto que São Paulo sempre foi mais do soul mais arrastado, daquele de se dançar deslizando no salão, algo como “Same Beat” de James Brown ou “Funk Worm” de Ohio Players, enquanto o Rio sempre foi mais para “Dance On The Floor” de Jimmy “Bo” Horn ou “Think” de Lynn Colins, que são sons mais rápidos.

Na década de 80 essa tendência dos bailes paulistas e cariocas continuaram: em São Paulo, o rap começava a entrar no set list dos DJs, com ênfase ao rap feito em Nova York, mais parecido e influenciado por James Brown, com ênfase nos timbres mais pesados, principalmente nos bumbos, com batidas mais compassadas, rolando sons de nomes como Kool Moe Dee, Biz Markie, Boogie Down Productions, etc., assim como um flerte com o raggamuffin´ jamaicano de Shabba Ranks e similares, enquanto que no Rio, a vertente do rap que mais se assemelhava à pulsasão que os cariocas gostavam veio do Miami Bass, rap feito em Miami por negros e latinos influenciados pelas batidas rápidas do breakdance, febre nos anos 80, e com ênfase em timbres graves, principalmente dos timbres de subwoolf, chamado em inglês de “Bass”. Daí o nome: Bass feito em Miami = Miami Bass. Essa batida tinha um criador, Afrika Bambaata. Quem quiser ouvir a raíz do “funk” feito no Rio, tem de conhecer seu maior sucesso, a música “Planet Rock”, o som que inaugurou o termo “Eletro-funk”, ou seja, um funk feito inteiramente de recursos usados na música eletrônica. Todos os “miamis” e “funks cariocas” feitos dos anos 80 até o início dos anos 90 é feito e cantado encima dessa batida. Funk feito de recursos eletrônicos = Eletro-funk. Sacaram?

Quem fosse à um “baile funk” no Rio iria escutar os pancadões de, entre outros, Gigolo Tony, Le Juan Love e o maior representante do rap de Miami, o grupo 2 Live Crew. Além do Miami Bass, a outra principal influência do “funk carioca” foi algo que nos Estados Unidos não fez muito barulho... Na verdade, não fez barulho em parte alguma do planeta a não ser no Rio de Janeiro, e por lá rendeu muitos frutos. Estou falando do que ficou chamado de “Latin Hip Hop”. Era uma tentativa de usar as batidas do Hip Hop, principalmente os breakbeats do breakdance, misturar com percussões latinas tiradas de bateria eletrônica, teclados e vocais melódicos, e letras românticas. Complicado, né...? Para entender melhor ouçam “Silent Morning” de Noel Pagan, “Tell Me” das Cover Girls ou qualquer música de Stevie B, um “clássico” do gênero.

Nas letras dos (já artistas consagrados em suas quebradas), artistas do rap de São Paulo e do “funk” do Rio de Janeiro, outra diferença vital: influenciado pelo rap nova-iorquino, em São Paulo, os raps eram mais “sérios”, com letras politizadas, falando de consciência racial e social, racismo, violência policial e urbana, etc. No Rio, cidade praiana, ensolarada, conhecida pela irreverência, com grande influência do Miami Bass, de letras explicitamente eróticas e do “Latin Hip Hop”, predominantemente românticas, não deu outra: letras com duplo sentido, de conotação sexual, ou o chamado “funk melody”, nosso “Latin Hip Hop”, com letras românticas, vide Latino, MC Marcinho ou Copacabana Beat. Toda regra tem exceção, mas em via de regra, era isso... E sem maniqueísmo, sem essa de quem estava certo, ou quem estava errado, cada qual com seu cada um, e tá valendo.

Toda essa produção efervescente do “funk carioca”, assim como o rap em São Paulo, se deu de forma totalmente independente do mercado cultural formal. Sob a tutela do DJ Marlboro, ainda hoje o maior nome do eletro-funk carioca, já que está nesse movimento desde seu início nos anos 80, produzindo e lançando artistas, e hoje, leva o gênero mundo afora em turnês internacionais, o eletro-funk carioca pode se chamar assim, porque evoluiu.

Há muito tempo não se ouve um lançamento de “funk carioca” baseado nas batidas de “Planet Rock”. O som feito no Rio de Janeiro, inventado pelos cariocas pode se chamar de “carioca”, ter nome próprio, porque, com seus escassos recursos, criou duas ou três células percussivas que não existiam antes em gênero musical algum! Foi inventado por eles! Você, cara leitora, caro leitor, deixe seu preconceito de lado, se quiser, ignore a letra cheia de “sacanagens”, se você for um daqueles muito puritanos, ou ouça bem baixinho, se não quiser ser flagrado por ninguém e se sentir constrangido. Estou lhe convidando a ouvir e prestar atenção no experimento musical único e inédito que os cariocas vêm fazendo. Sintetizados lá naquelas baterias eletrônicas e computadores, batidas de afoxé, de escolas de samba e até de umbanda estão lá! Nenhum, repito, nenhum gênero musical no mundo inteiro, se utilizou desses elementos ancestrais e os transformou em dance music, em música pop contemporânea, com tamanha eficácia. Então o eletro-funk feito no Rio de Janeiro, Brasil, é diferente de qualquer eletro-funk feito no mundo. Porque no resto do mundo, se faz eletro-funk inglês ou americano... Aqui, fazemos eletro-funk Carioca!!!

sábado, 25 de junho de 2011

Especial Som da Semana - Parte 4

Salve todas e todos!

Chegamos ao final desse Especial, onde postarei os últimos três sons que colocam o "Som da Semana" proporcionalmente no número devido e referente às sextas, desde que a sessão estreou neste blog.

Aqui vão mais três participantes do festival Black Na Cena:

Começamos com o Baile do Simonal, projeto idealizado e protagonizado pelos irmãos Max de Castro e Wilson Simoninha, filhos do mestre Wilson Simonal, numa série de shows e trbutos em homenagem ao papai Simonal. Aqui eles apresentam o clássico "Nem Vem Que Não Tem"

Baile do Simonal - "Nem Vem Que Não Tem"
http://youtu.be/-hi4AJH9cHM

Na sequência, vamos de Naughty By Nature, grupo de rap nova-iorquino que fez muito sucesso nos anos 90. Quer ver? Duvido que você não conheça essa:

Naughty By Nature - Hip Hop Hooray
http://youtu.be/RqJm1QIxXsg

E pra fechar este especial, eu deixei o show que eu mais estou esperando por último: Mr. George Clinton!!!! O líder do Parliament, do Funkadelic e do P-Funk All Star, inventor do P-Funk, um mestre só comparável à James Brown. Não vou dizer mais nada, escuta aí! Abraços e até a próxima!

George Clinton & P-Funk All Stars - "Mothership Connection"
http://youtu.be/B_LRYezOfeo

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Especial Som da Semana - Parte 3

Salve todas e todos,

Aqui vão mais três sons desse especial que pretende por em dia os Sons da Semana que o blogueiro deixou de postar no período em que estava contundido. Como o Especial foi pautado no festival Black Na Cena, o maior do gênero no Brasil, motivo pelo qual este blog incentiva a iniciativa, esta sessão vai de mais 3 participantes do line up do Festival. O primeiro é um gênio da MPB, que inspirou e influenciou os outros dois artistas que serão postados aqui. Estou falando do Sr. Babulina, o mestre Jorge Ben (jor), influência decisiva de Racionais MCs e Thaíde. Sente a sonzera!

Primeiro o mestre, Jorge Ben com "Por Causa De Você Menina", ao vivo:

Jorge Ben - "Por Causa De Você Menina"
http://youtu.be/wlZMFa5hf0E

Depois vamos de Thaíde, com a banda Funk Como Le Gusta, que também estará com ele no festival:

Thaíde & Funk Como Le Gusta - Sr. Tempo Bom
http://youtu.be/nAo_HH3Bthc

E por fim, Racionais MCs, com "Da Pone Pra Cá", ao vivo:

Racionais MCs - "Da Ponte Pra Cá"
http://youtu.be/xxEalnXt3wg

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Especial Som da Semana - Parte 2

Salve todas e todos!

Parte 2 do Especial Som da Semana, com mais três participantes do festival Black Na Cena.

Hoje, 3 brasileiros representando 3 vertentes da música negra brasileira:

Primeiro a clássica Black Rio, na formação original, ao vivo, em programa da TVE em 1971. O show do festival será com a nova formação, liderada por William Magalhães, filho do grande Oberdã Magalhães, fundador e líder da Black Rio original, mas o som aqui postado estará, com certeza, no repertório do show no festival, "Maria Fumaça", curta a pancada!

Black Rio - "Maria Fumaça"
http://youtu.be/2Y7GgaHfGGQ

Depois, outra clássica que não ficará de fora do festival, Sandra de Sá, com "Olhos Coloridos":

Sandra de Sá - "Olhos Coloridos"
http://youtu.be/OQ3yhCVZqec

E pra fechar, Seu Jorge, o cara do momento com "São Gonça":

Seu Jorge - "São Gonça"
http://youtu.be/Z8Xz8HXmqsk

Amanhã tem mais ! Abraço!

terça-feira, 21 de junho de 2011

Especial Som da Semana!

Salve todas e todos!!!

Conforme prometido, o blogueiro postará os Sons da Semana ausente durante as sextas-feiras em que não podia digitar devido a uma fratura na mão esquerda. São 12 sextas em que o som não rolou no blog, então, ao longo desta semana, 12 clips entrarão aqui.

Como mote principal, resolvi usar o festival Black Na Cena, o maior do gênero já realizado no Brasil, e que acontecerá em julho. Portanto, postarei aqui  clipes dos participantes do festival, ok?

Então lá vão três, dos artistas representando o Hip Hop no festival:

Method Man, com "You´re All That I Need", participação de Mary J. Blidge
http://youtu.be/UJnVhJgZuB0

Redman, com "I'II Be Dat", ao vivo!
http://youtu.be/rvkIH-5zTZg

e

Public Enemy, também ao vivo, com "Rebel Without A Pause"
http://youtu.be/Erj9g4Or1rU


Abraço, e amanhã tem mais!

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Som da Semana

Salve todas e todos,

Devido ao apagão da semana passada não foi possível postar o Som da Semana na sexta. Falando nisso, semana que vem, a partir da próxima segunda, dia 20, este blog terá um especial de Som da Semana, para por em dia as semanas em que o blogueiro não postou nada porque estava com a mão fraturada, então não percam!!!

Para hoje, temos duas comemorações: em maio, tivemos o centenário do bluesman Robert Johnson (1911-1938), mago da guitarra, um revolucionário do blues que influenciou Eric Clapton, Jack White (The White Stripes), Bob Dylan, Jeff Beck, Rolling Stones, entre outros, e que, segundo a lenda, fez um pacto com o Diabo em uma encruzilhada. Para homenageá-lo, o clássico "Sweet Home Chicago".

A outra comemoração é do aniversário de 80 anos de João Gilberto, o único! Um dos inventores da bossa nova, o controverso e ranzinza gênio de Juazeiro, Bahia, reinventou o jeito de tocar violão, reinventou o jeito de ouvir samba, reinventou a forma de ouvir jazz, reinventou a MPB. Aqui, temos João e a ainda menina Bebel Gilberto, sua filha, com a música que inaugurou a bossa nova: "Chega de Saudade".

Robert Johnson - "Sweet Home Chicago"
http://youtu.be/O8hqGu-leFc

João Gilberto & Bebel Gilberto - "Chega De Saudade"
http://youtu.be/gzxVBXCP1jg

E não percam o especial a partir do dia 20!

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Sempre sem graça, e não aprende...!

Rafinha Bastos, um arremedo de humorista que trabalha no CQC (programa que, assim como o Pânico, é composto por arremedos de humoristas), está sempre às voltas com alguma polêmicazinha babaca que só serve pra dar a ele um tamanho e uma popularidade que ele não deveria ter. Desprovido de talento e carisma, resolveu que o "politicamente incorreto" seria seu artifício principal... No dia das mães, achou engraçado "brincar" com os órfãos, já havia "brincado" com os judeus e, agora, achou mais hilário ainda falar sobre mulheres e estupro. A pérola foi "Toda mulher que eu vejo na rua reclamando que foi estuprada é feia pra caralho. Tá reclamando do quê? Deveria dar graças a Deus". Engraçado, né...
Com a palavra, o jornalista Gilberto Dimenstein:

"Rafinha Bastos está sendo acusado de estimular o estupro pelo Conselho da Condição Feminina de São Paulo por causa de suas piadas. Não creio, claro, que ele tenha o menor interesse em estimular a violência contra a mulher. Assim como ele não tem prazer em debochar de órfãos, como fez em seu twitter no Dia das Mães.
O problema é o seguinte: essa geração de comediantes é vítima da busca do sucesso a qualquer custo, um vale-tudo para aparecer, típico da era da celebridade. Uma necessidade de ser engraçado e provocativo o tempo todo. Some-se a isso a tentação fácil de transmitir tudo em tempo real no twitter e no Facebook.
Acaba-se perdendo a noção de coisas elementares. Esculhambar órfão em Dia das Mães é considerado "piada". Ou dizer que só mulher feia reclama de estupro é visto como algo engraçado. Na verdade é apenas ridículo --um ridículo que faz sucesso.
Como judeu, aprendi a valorizar o humor refinado --a história do judaísmo se confunde com a história do humor. Mas também aprendi a detestar o uso da palavra para reforçar preconceitos.
Não vejo graça em coisas que fazem outras pessoas sofrerem.
Sou a favor da liberdade de expressão, claro. Por mais que nos doa. Mas estabelecer limites, dizendo o que vai além do aceitável em respeito humano, também é um valor democrático.
Ou seja, Rafinha Bastos, um sujeito talentoso, está sendo vítima de um estupro --ele está, sem saber, se estuprando moralmente.".

terça-feira, 7 de junho de 2011

Do Lado De Cá

Seguidores e leitores esporádicos desse blog podem acompanhar também artigos que tenho escrito para o site http://www.doladodeca.com.br/ . O doladodeca é um site que fala dos assuntos pertinentes às periferias de todo o Brasil, falando sobre música (samba de raíz, pagode, funk, rap, reggae), esporte (basquete de rua, futebol de várzea), política e cultura em geral. Vale a pena dar uma olhada. Tá dado o toque!

Nota Zero Pra Dilma

Nota zero pra presidente. Cedeu à chantagem da bancada cristã do Congresso e vetou a distribuição do kit anti-homofobia que seria distribuído nas escolas, em troca desses deputados aliviarem a barra do Chefe da
Casa Cilvil, Antonio Palocci, que não conseguia explicar como enriqueceu assustadoramente em apenas quatro anos... Ou seja, pro Palocci continuar na boa, Dilma "vendeu" a causa anti-homofobia... E vendeu bem barato, embora isso vá lhe custar muito caro no futuro, afinal, quem cede a chantagem uma vez, passa a vida cedendo...

Nota 10 pra Dilma!

Nota 10 pra nossa presidente! Regulamentou a Lei que diferencia grafite de pixação. Agora, se for de comum acordo com o proprietário, o grafite tá liberado. Ponto pra arte de rua. Hip Hop Não Para!!!

quarta-feira, 25 de maio de 2011

A má notícia!

Ontem, em virtude de uma insuficiência cardíaca perdemos ontem o militante do movimento negro, professor, ator, artista plástico e criador do Teatro Experimental do Negro, Abdias do Nascimento. Tantas foram as contribuições de Abdias à cultura negra e ao ativismo político do Brasil, que o espaço deste blog não daria. Recomendo que leiam um resumo da biografia desse grande companheiro no blog Portal do Arruda: portaldoarruda.blogspot.com

A mim, que tive o privilégio de conhecer e ouvir o companheiro Abdias, peço aos Orixás que o recebam muito bem do outro lado do rio.

A boa notícia! E com Pimenta...

Após 11 anos se beneficiando da morosidade do sistema judiciário brasileiro, foi preso ontem o jornalista Pimenta das Neves, ex-diretor de redação do jornal O Estado de São Paulo, assassino confesso da jornalista Sandra Gomide, após o término do namoro.

A condenação é de 15 anos de cadeia em regime fechado.

Tchau e bença, um a menos

A propósito, ainda falta o Misael...

Voltei!!!

Salve todas e todos!

Demorou, mas voltei! Desculpem a ausência e volto com 2 notícias, uma boa e outra não.

Acompanhe as postagens acima!

Abraços!

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Ausência Temporária

Desculpem a ausência. O blogueiro está com uma fratura na mão esquerda que o impossibilita de digitar novas postagens entre outras limitações. Devo retornar em breve, no final de abril.

Abraço a todas e todos.

P.S.: que coisa essa tragédia no Rio hein...

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Som da Semana

Salve todas e todos!

Hoje é dia do Som da Semana, e hoje vamos de samba, a pedido da minha amiga Claudinha. Vamos com a elegância do Sr. Paulinho da Viola, com participação de uma afinadíssima e linda Camila Pitanga, com Bebado Samba, musical que encerrou o especial Bem Brasil dedicado a ele.

Samba aí e bom final de semana:

http://www.youtube.com/watch?v=hflFMen-6mw

Caso Preta Gil/Bolsonaro

Estive acompanhando os desdobramentos do caso Preta Gil contra o deputado Jair Bolsonaro. Não vou relembrar o caso aqui porque tá todo mundo sabendo o que aconteceu. Jair Bolsonaro é um político da chamada extrema direita, é do partido do Maluf o PP - Partido Progressista (aliás, só no Brsil o partido de um cara como o Bolsonaro ou o Maluf é chamado de progressista e o do Marco Maciel, do ACM e família e do José Agripino é chamado de democrata... Brasil-sil-sil...).

Enfim, como extrema direita que é, é conservador, odeia minorias, acha que Sem-Terra é bandido, que homossexual é sem-vergonha e, pelas declarações que têm dado, que mulher preta é promíscua. O que não é nenhuma novidade no racismo à brasileira... A mulher negra é fetiche e fantasia na cabeça de muitos homens brancos desde os tempos do Brasil Colônia. Os senhores de escravos sempre deram suas puladinhas de cerca estuprando suas escravas. Assim se deu o processo de miscigenação do país, com violência, com estupro, em mais uma forma de desumanizar os africanos trazidos para cá. Com fama de "fogosas" e "desfrutáveis", esse esteriótipo foi explorado por séculos. A "mulatização" foi um processo muito bem engendrado, ganhou ares de tese sociológica nas páginas de "Casa Grande & Senzala", de Gilberto Freire, um dos maiores manifestos do racismo brasileiro, mentiroso em sua foma e perverso em sua essência, e persegue as mulheres negras até hoje.

Bolsonaro disse que, quando declarou que seu filho nunca se casaria com alguém criado no ambiente em que Preta Gil cresceu, ele destruiu seu próprio argumento de que se referia à homossexuais. Não se tem notícia de que Preta tenha sido criada num lar de, ou com homossexuais. Preta Gil fora criada num lar de negros! Mais, se a alusão à promiscuidade foi feita para explicar o não casamento de seu filho com homossexuais, esse argumento também não se sustenta porque a pergunta de Preta Gil foi bem clara: ela usara o termo "casamento". Casamento pressupõe compromisso, portanto, exclui promiscuidade, já que, em tese, e deveria ser assim, casamento é uma relação entre duas e apenas duas pessoas. O que quero dizer é que, sim, ele se referiu à Preta como promíscua, por ela ser uma mulher negra! Porque as negras são, para um "coroné" com arroubos de sinhozinho como Bolsonaro, "desfrutáveis", com um fogo debaixo da saia que não se apaga, portanto, não é alguém para estar ao lado de seu filho. E o deputado deve saber do que fala, já que se defende da acusação de racista dizendo que é casado com uma mulher negra. Muito bem, deputado, como bom sinhozinho que é, o senhor conseguiu o sonho de consumo de todo coroné, o senhor conseguiu a sua, segundo suas próprias palavras, "mulata".

Por fim, supondo que fossem declarações "apenas" contra a homossexualidade, quero mais uma vez reiterar meu total apoio à causa do movimento LGBTTT e à todas as suas reivindicações, incluindo aí a criminalização da homofobia e à união civil de homossexuais.

Quanto ao Congresso, espero sinceramente por todas as sanções previstas em lei contra o deputado Jair Bolsonaro, ciente de que, embora a favor da total e irrestrita liberdade de expressão, mensagens de intolerância e ódio devem ser coibidas e punidas com rigor, pois se provaram, ao longo da história da humanidade, estopins para genocídios, holocaustos, torturas, encarceramentos, escravizações e outras tragédias que não podem mais voltar a acontecer.

terça-feira, 29 de março de 2011

Rogério 100ni

Saudações tricolores a todas e todos!

O blogueiro nãoo poderia se furtar do prazer de parabenizar nosso goleirão pelo centésimo gol!

Valeu Rogério!

sexta-feira, 25 de março de 2011

Som da Semana

Som da Semana especialíssimo!!! No dia de hoje, há exatos 69 anos, nascia em Menphis, nos Estados Unidos a primeira mulher a integrar o Hall da Fama do Rock´n´Roll, a Dama do Soul, a Rainha do Soul, vencedora de 19 Grammy Award´s (número ainda não superado por nenhuma outra cantora!), a grande Aretha Louise Franklin.

Hoje, em um grande hotel de Nova York, Mrs. Franklin receberá um seleto grupo de 100 amigos para a festa de aniversário. Entre os convidados estão Oprah Winfrey, Dionne Warwick, Gladys Knight, Natalie Cole Patti Labelle, Smokey Robinson, Wendy Williams, Berry Gordy e o Reverendo Jesse Jackson.

O blogueiro também foi convidado pra festa de Aretha, mas como justamente hoje, tem um samba na V. Guarani (bairro do blogueiro), e será em homenagem a um grande parceiro que atravessou ao "outro lado do rio" (descansa em paz, Sagui), já cancelei meu vôo à N. York.

Fiquem com Mrs. Aretha Franklin, cantando seu maior hit, "Respect". Viaja aí...

http://www.youtube.com/watch?v=cSdFTVhFyyc

Presos até quando? Highlander II ?

Estão presos seis dos sete soldados que balearam covardemente um adolescente em Manaus. O crime aconteceu em outubro do ano passado, porém, as providências só foram tomadas na semana passada, quando o video vazou na internet e tomou conta dos telejornais.

O rapaz passa bem, apesar dos cinco tiros que tomou, um deles perfurando seu pulmão. Agora, ele e a família estão no Programa de Proteção à Testemunhas.

Que estes, ao contrário dos PMs paulistas do grupo de extermínio conhecido como "Highlander", absolvidos semana passada (vide postagem anterior), sejam exemplarmente punidos.

Há anos a truculência das polícias militares de todo o Brasil nos envergonha perante o restante do mundo, que também há anos cobra das autoridades brasileiras, priovidências ante esse completo desrespeito aos Direitos Humanos e às garantias fundamentais de qualquer estado de direito que se diga democrático.

O rotineiro holocausto dos jovens na periferia continua... Este blogueiro está e estará sempre de olho!

sexta-feira, 18 de março de 2011

VERGONHA!!!!!

Li no Jornal da Tarde:

Após 14 horas de julgamento, Jorge Kazuo Takiguti e João Bernardo da Silva, conhecidos como 'Highlanders", foram inocentados da morte de Roberth Sandro Campos Gomes, de 19 anos, e Roberto Aparecido Ferreira, de 20, em Itapecerica da Serra

Nota do Blog: o apelido de "Highlanders" vem da "mania" que os PMs tinham de decapitar as suas vítimas. Alem de decapitar, eles também decepavam as mãos das vítimas. Esses "cuidados" visavam dificultar a identificação das vítimas.

Eu estou envergonhado...

Som da Semana

Salve todas e todos!

Hoje é dia do Som da Semana, e como desde o carnaval estamos com um Som a menos, hoje eu postarei 2, assim, ficamos em dia. Os sons de hoje serão em "homenagem" à absolvição dos dois PMs acusados de fazerem parte de um grupo de extermínio, assassinarem, decapitarem e deceparem as mãos de um jovem negro. Corriqueiro, rotineiro, e, pra variar, impune. Sem comentários, ouçam O Rappa com "Todo Camburão Tem Um Pouco de Navio Negreiro", do seu primeiro álbum,

 http://www.youtube.com/watch?v=pQpXxHpSfAk

E meus parceiros do DMN com "Racistas Otários" cover do hit dos Racionais MCs, que os manos regravaram em seu álbum "Estado de Atenção".

http://www.youtube.com/watch?v=f-eqJqN93_Y

Curtam os sons, de qualidade musical incontestável, e reflitam!!! Muito!!!!

terça-feira, 15 de março de 2011

Gangsta Party: Eu fui e foi bom!

Neste último domingo, estive na danceteria Joy, casa muito legal, para mais uma edição da "Gangsta Party", uma festa de Hip Hop 90% dedicada à este estilo de rap que fez tanto sucesso nos anos 90 que entrou bem desgastadinho nos anos 2000, restrita à seus admiradores fiéis. Como não faço parte desse seleto grupo, já que a praia do rap em que gosto de navegar é outra (e quem me conhece sabe disso), tinha uma tremenda resistência em ir até lá...

E não é que a festa é boa...? Primeiro porque é centrada na melhor fase do gangsta rap que é mesmo a década de 90 (na verdade, a melhor fase de qualquer estilo de rap é a década de 90 mesmo, pronto, falei!). É que no caso do gangsta rap, os melhores artistas e produtores surgem nessa fase, Snoop, Dre, C.M.W., DJ Quick, Lady of Rage, Ice Cube, Nigga Daz & Kurupt, Tupac Shakur, etc., etc. e etc. Tocou tudo isso e mais um pouco, mas o mais legal é que desmistificou uma pré-conceituosa idéia que eu tinha. Então vamos para a mão à palmatória deste blogueiro. Eu fui e foi bom:

  • Foi bom porque eu achei que iam rolar aqueles sons depressivos, lentos ou pão com ovo à la 50 Cent, e não tocou, a festa é pra cima, o clima não cai em momento algum. É festa pra testar o desodorante, porque é pra dançar até suar;

  • Foi bom porque eu achei que ia ter aquela molecada de mochila, que adora sentar (literalmente!) no canto do salão, acender "cigarrinho de artista" no meio do baile, pichar o banheiro, e, ao final da noite, arrumar confusão, movidos pelo combustível que eles carregam na tal mochila supra citada que, invariavelmente é goró pesado. NADA DISSO, não tem molecada, vi sim várias pessoas no visual gangsta/chicano/low rider com bandanas, camisas xadrez, enfim, toda a indumentária, mas todos sabendo exatamente o que estavam vestindo e fazendo e porquê estavam vestindo e fazendo. E em tempo, "cigarrinho de artista" não rolou momento algum nem do lado de fora! Respeito total;

  • Foi bom porque o tempo todo os DJs e MCs da festa deixavam o óbvio muito explícito: "gangsta" é uma atitude musical e cultural e só!!!! Não houve nenhum tipo de apologia à violência, ao crime, nada. O clima era de festa total, muito som, muita risada, ninguém de cara feia, nem atitude de badboy babaca;

  • Foi bom porque essa edição da festa foi em homenagem ao Dia Internacional da Mulher (com direito a distribuição de rosas às mulheres presentes ao final da festa), desbancando outro dos clichês do gangsta rap que nós não precisamos importar, que é o sexismo. Como DJs convidadas, Paty de Jesus e Rúbia, do R.P.W. Ambas mandaram muito bem, seguraram a pista e, por consequência, o clima da festa;

  • E, por fim, mas não menos importante (muito pelo contrário!), foi bom porque vi, voltando à ativa, velhos amigos, os manos e as minas que começaram comigo, foi legal abraçar gente que eu não via há quase uma década, e que estão na organização, produção e discotecagem dessa festa. Valeu M.T. Bronks, Samuel, Tio Fresh, encontrei também com Doctor MCs, DJ Big Edy, W-Yo e Paul (R.P.W.), Enéas (Armagedon), Freitão, Rooney e mais uma pá de gente "das antigas". Valeu mesmo, na próxima, tô lá.
P.S.: indiferente do estilo, o importante é a iniciativa! O rap nacional enfrenta sua pior crise, sua pior fase. Qualquer espaço onde possamos nos encontrar, ouvir um som e trocar idéias é importante!

Pirataria e Crime

Segue texto de Ricardo Semler, a respeito do polêmico tema. Concordo e assino embaixo!

RICARDO SEMLER*

Pirataria aprende-se na escola

Não existe prova alguma de que parte relevante da venda da pirataria tenha a ver com traficantes ou armas.
O Thoreau era um cara zen. Dizia que lei injusta se combatia com desobediência civil. Foi assim com o Lula em 1978, que fazia greves ilegais e corria o risco de ser preso a cada pouco. Ou com Rosa Parks, senhora negra que sentou num banco reservado a brancos, há apenas algumas décadas. É assim com os jovens que hoje derrubam os ditadores árabes -todos, pela lei, são criminosos.

Os 70,2 milhões de brasileiros que compram ou baixam CDs e DVDs pirata não estarão praticando desobediência civil? Deveriam ser, todos, recolhidos à penitenciária? Estudantes devem ser rotulados de cúmplices do crime organizado porque se recusam a pagar R$ 45 por um DVD de filme antigo que custa R$ 2 para produzir e distribuir?

O Conar, que autorregula propaganda, omite-se ao não proibir a campanha que acompanha os DVDs. Não existe prova alguma de que parte relevante da venda da pirataria tenha a ver com traficantes ou armas. Dediquei dias a centenas de sites, incluindo o da Interpol, conselhos contra a pirataria e CPIs de quatro governos para constatar isso.

Claro que a pirataria envolve crime organizado -só faltava serem criminosos desorganizados-, mas é uma turma focada apenas em produtos. E vejam, que curioso: das 80 fábricas piratas na Ásia, 8 na Malásia são licenciadas pelo governo! Ao todo produzem 9 milhões de CDs por dia.

A verdade é que a era de ouro dos estúdios e artistas chega ao fim. Não cabe mais pedir que o mundo financie US$ 12 milhões por filme ao Tom Cruise ou fique babando com os Rolls-Royce dos rappers. Muito menos que financie cartéis de estúdios que conseguem, pela leis vigentes, transformar policiais em capangas pelo lucro.

Ninguém vai defender as fábricas ilegais ou a pirataria intelectual, mas urge perceber que o mundo mudou. As soluções são óbvias e lucrativas também: vender pela web no dia da estreia o download por alguns reais. O faturamento final deverá ser o mesmo. Sim, terminará a mamata do filme que passa meses no cinema ou o livro que fica em capa dura -porque o lucro é estratosférico nessas fases- para, então, manipular o consumidor pelas fases imaginadas pelos espertos das finanças.

É aceitar que o mundo não é composto de acobertadores de traficantes, e sim de adolescentes e adultos inteligentes que não querem mais ser manipulados pelos "Kaddafis" da indústria de entretenimento. Acordem: 1 bilhão de downloads em 2010, antes mesmo que a banda larga de 10 mega seja corriqueira, é aula para qualquer empresário antiquado. Que criem vergonha na cara e se atualizem -70,2 milhões de criminosos brasileiros, todos mal-educados, agradecem.

*Ricardo Semler, 51, é empresário. Foi scholar da Harvard Law School e professor de MBA no MIT (Instituto de Tecnologia de Massachuesetts), em Boston. Foi escolhido pelo Fórum Econômico de Davos como um dos Líderes Globais do Amanhã, e escreveu dois livros, "Virando a Própria Mesa" e "Você Está Louco" que venderam 2 milhões de cópias em 34 línguas.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Esquindô, esquindô!

Olá todas e todos!

Nesses quatro dias de folia, samba, suor e ouriço (e cerveja e churrasco) não tive tempo de postar nada aqui no blog.

Segue então meus parabéns às mulheres, por seu Dia Internacional, comemorado ontem. Nossa luta continua mulherada!

Segue o meu cumprimento à Vai-Vai e toda a comunidade da Bela Vista pela merecida vitória no carnaval deste ano, lembrando que ano que vem o Camisa tá de volta, espero que, dessa vez, pra ficar!

E por fim, segue o Som da Semana, que deveria ter sido postado sexta passada, mas o blogueiro já estava pra lá de Bagdá e de Marraqueche...

Esta semana, vamos de Baden Powell com o clássico Canto de Ossanha, lançada em 1966, no álbum os Afro Sambas, em parceria com Vinícius de Moraes. Abraço!

http://www.youtube.com/watch?v=Ln4LYYA9Dng

quinta-feira, 3 de março de 2011

Monteiro Lobato...

Fato: Monteiro Lobato não era racista! Monteiro Lobato era muuuuuuito racista. Porque digo que é fato? Porque ele se dizia um! Era racista confesso! Eugenista de formação! Em cartas e artigos publicados, portanto documentos para posteridade, dizia que o "atraso" e "feiura" do povo do Brasil se devia à "mácula" do africano trazido para cá. Mais, chegou a elogiar a iniciativa dos brancos do sul dos Estados Unidos por criarem a Ku Klux Klan, grupo de racistas que linchavam negros norte-americanos.

Sendo ele escritor, óbvio e ululante que esse "traço de caráter" se refletiria em suas obras. Pois bem, o Conselho Nacional de Educação orientou, (ORIENTOU) o MEC, Ministério da Educação, a não utilizar o livro "Caçadas de Pedrinho" como material curricular da rede pública de educação, por se tratar de uma obra que fere os direitos humanos, já que retrata o negro pejorativamente. Esse viés pejorativo é representado na personagem Tia Anastácia. (Para saber mais sobre o caso, e os trâmites, veja a postagem de título "Do Mestre!").

Pra que... A mídia, controlada pela elite branca do nosso Brasil-sil-sil-sil varonil disse que se tratava de censura, que era patrulha do politicamente correto, que Lobato é isso, é aquilo...

BABOSEIRA !!!!!

Monteiro Lobato era um racista interesseiro. Escreveu o que provavelmente é o maior manifesto a favor do racismo da história da literatura brasileira, o livro "O Presidente Negro". Escreveu esse livro com vistas ao mercado norte-americano, de olho nos dólares. O livro era tão racista, mas tão racista, que era pesado demais até para o mercado norte-americano, isso na década de 50, com segregação e tudo! Quando deu com os burros n´água, não conseguindo vender o livro para nenhuma editora, escreveu à um amigo dizendo que "devia ter mostrado esse livro à eles na época em que linchavam os negros...".

Nas obras "infantis" de Monteiro Lobato, os personagens negros são sempre retratados como subservientes, submissos (Tia Anastácia), preguiçosos (Tio Barnabé), desonestos (Saci) e todos, todos eles são muito menos inteligentes do que os animais (que embora animais, como porcos ou burros, falam um português corretíssimo, ao contrário dos personagens negros), do que uma boneca ou que uma espiga de milho (que aliás, é intelectual...). Ou seja, qualquer brinquedo ou bicho é melhor do que os negros. O que reflete a idéia que Lobato tinha de nós.

Não se trata de censura, portanto, impedir que o governo permita que o material de pessoa tão abjeta chegue às mãos de nossas crianças com dinheiro do contribuinte. Censura é se pedíssemos que as obras desse camarada fosse retirada das livrarias... Não foi o caso! Quem quiser, pode ir à qualquer livraria ou biblioteca e se empanturrar com as "obras" do racista em questão. Faça com seu dinheiro, problema seu. O que não se pode é impedir o MEC de exercer seu poder regulador, e proteger as crianças desse tipo de exposição. Porque, se racismo pode, pornografia e violência também podem! Vamos distribuir Playboy na aula de Ciências e Mortal Kombat na aula de informática! Eu sou contra a censura, acho que tem que continuar vendendo Playboy, Mortal Kombat e Caçadas de Pedrinho, mas não dá pra distribuir nada disso em escola pública, bancado por nós!

Pois bem, isso posto, nas últimas semana, o assunto voltou à tona porque o cartunista Ziraldo foi convidado à ilustrar o abadá, ou camiseta, ou coisa que o valha para um bloco de carnaval chamado (desculpem...) "Que Merda É Essa?". Na ilustração, Monteiro Lobato está abraçado com uma mulher negra (negra, porque eu posso até escrever "merda" nesse blog, mas me recuso a escrever mulá-vocêsabeoquê!), com pouquíssima roupa, toda sorridente pro escritor racistão que a está abraçando. Segundo o cartunista, a ilustração veio para "acabar com a polêmica, já que somos um povo afetuoso, sem ódio, e que racismo sem ódio, não é racismo". Pois é... Ziraldo, um dos fundadores do Pasquim, conhecido por sua luta contra a ditadura militar, por ser esquerdista, progressista, portanto, de acordo com lutas sociais, com Direitos Humanos, inclusão... Defendendo o racista Monteiro Lobato...

Sabe o que é...? É que Ziraldo é da elite, e é branco. Pronto, isso por si só explica que alguém como Ziraldo manche pra sempre sua biografia identificada com as lutas sociais e populares em nome de um canalha como Monteiro Lobato.

Me lembro que um dia, na casa de Sueli Carneiro, grande filósofa e ativista do movimento negro e feminista, dirigente do Geledés, conversava com o prof. Hélio Santos, economista e companheiro militante, sobre a esquerda e o socialismo, e por aí vai, e ele me disse algo que, nesse caso, se mostra verdadeiro. Ele disse que temos de ter em mente um projeto de inclusão e desenvolvimento da população negra, porque, se vier a revolução, eu continuo negro, se não vier, eu continuo negro. No capitalismo, eu continuo negro, no socialismo, eu continuo negro. Católico, evangélico, umbandista, eu continuo negro. Do PT, do PSDB, no governo, na oposição, eu continuo negro. Então, nossa luta não pode ser pelas divergências, e sim pelo que nos une, nos converge, que é sermos negros!

O que ele quis me dizer, é que nossa luta é nossa, pra nós, por nós. A elite branca entende isso muito bem. O cara pode ser de direita, de esquerda, rico, pobre, patrão, operário, mas quando há a ameaça da supremacia socio-econômica, do fim dos privilégios, a competição de verdade, os brancos se juntam, se unem, brigam juntinhos. Por isso Ziraldo se doeu por Lobato. Porque quer que tudo continue como está!

Que os negros fiquem conformados em ver nossas crianças constrangidas e humilhadas ao verem seus iguais fazendo papel de palhaços pra brancalhada aplaudir, como vemos há anos na TV ou na literatura. Sempre que nos levantamos e dissemos "DISCORDO!", tem sempre um branquinho pra dizer que somos revoltados ou que incitamos o ódio. Eles nos querem sempre inofensivos, obedientes, e nos conformando com as migalhas que os Sinhozinhos nos dão... Igualzinha a Tia Anastácia...

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Um mês de "Arruda Crônico" e o "Som da Semana"

Salve a todas e todos,

Essa postagem vem pra celebrar um mês de blog. O blogueiro agradece aos acessos, aos comentários, aos seguidores, aos elogios e às críticas neste espaço dedicado à troca de idéias. Muito obrigrado, essa troca de energias é muito importante para mim. Axé a todos! Que os Orixás abençoem a todas e todos!

Som da Semana

A partir de hoje, todas as sextas-feiras eu vou postar uma ou mais músicas, em vídeo ou áudio. É um momento pra dividir com meus leitores um pouco das minhas influências, dos meus gostos musicais e, em muito breve, postarei algumas músicas minhas também.

Todas as sextas, hein, fiquem ligados!

Som da Semana

Salve!

Pra inaugurar o Som da Semana, escolhi um som dos anos 90 (vai ter muito som de lá, viu...). O som se chama "Music Evolution", do grupo Buckshot Le Fonque. A banda é um projeto produzido pelo produtor americano de Hip Hop DJ Premier (do Gangstarr) e liderado por Branford Marsalis, renomado saxofonista de jazz.

É som pra ouvir bem alto e dançar à vontade nessa fusão de Hip Hop pesado com jazz.

Curte aí!

http://www.youtube.com/watch?v=i1s0hd2Aovg

Estamos de olho (Parte 1)

Cliente negra sofre racismo em supermercado Walmart

Dona-de-casa de 56 anos foi parar no hospital depois de ser acusada de furto
24/02/2011

Jorge Américo,
De São Paulo, da Radioagência NP

A dona-de-casa Clécia Maria da Silva, de 56 anos, foi parar no hospital depois de ser acusada de furto em uma loja da rede de supermercados Walmart, em Osasco, na Grande são Paulo. A cliente portava o cupom fiscal que comprovava o pagamento das mercadorias. Ainda assim, foi constrangida por um segurança, que revistou sua bolsa. Segundo a médica que atendeu a dona-de-casa, ela teve uma crise de hipertensão e ficou próximo de sofrer um Acidente Vascular Cerebral (AVC).
O segurança teria dito que “isso acontece mesmo com os pretos”, segundo relato da cliente. A ocorrência foi registrada como calúnia no 9º Distrito Policial de Osasco, no dia 18 de fevereiro. O advogado Dojival Vieira, que acompanha o caso, pedirá ao delegado abertura de inquérito por injúria racial e constrangimento ilegal.
“Frequentemente, quase cotidianamente, as pessoas que são alvos dessas violências, dessas humilhações, desses constrangimentos e desses vexames são pessoas negras de todas as idades.”
O Walmart possui 400 lojas no Brasil. Em 2010, as unidades da empresa espalhadas pelo mundo faturaram quase US$ 410 bilhões. Para Dojival, esse poderio econômico não se reflete em respeito aos cidadãos. Ele defende uma maior fiscalização, por parte do Ministério da Justiça, das empresas de segurança contratadas para defender tamanho patrimônio.
“Essas empresas transportaram para as relações de consumo práticas que não são próprias, não são compatíveis com o estado democrático de direito. E as empresas que as contratam – os supermercados e shoppings – não tiveram até agora a preocupação de investir na capacitação e no treinamento desses funcionários.”

Estamos de olho! (Parte 2)

Brasil registra primeiro caso de indiciamento por tortura motivada por racismo

qui, 2011-02-24 13:41 — admin

Jorge Américo
Radioagência NP


Em uma decisão inédita, no início deste mês, a Polícia de São Paulo indiciou seis seguranças da rede de supermercados Carrefour pelo crime de tortura motivada por preconceito racial. Eles agrediram o vigilante Januário Alves de Santana, em agosto de 2009, apontado como suspeito de roubar o próprio carro no estacionamento de uma das lojas em Osasco, na Grande São Paulo.

Também em Osasco, a dona de casa Clécia Maria da Silva, de 56 anos, foi parar no hospital depois de ter sido acusada de furto por seguranças da rede Walmart. Ela havia pagado pelas mercadorias, assim como um garoto de 10 anos, que foi ameaçado com um estilete por um segurança do supermercado Extra – que pertence ao grupo Pão de Açúcar. As ameaças ocorreram em uma salinha nos fundos da loja. Em ambos os casos, as vítimas eram negras.

Carrefour, Walmart e Pão de Açúcar são as três maiores redes de supermercados que atuam no Brasil. Juntas, elas lucraram R$ 71,5 bilhões em 2009. Em entrevista à Radioagência NP, o advogado Dojival Vieira, que acompanha os casos citados, revela os métodos utilizados pelos agentes de segurança dessas empresas para proteger seu patrimônio. Entre outras revelações, ele relata as agressões e humilhações que ocorrem nas chamadas “salinhas de tortura”, para onde são levados os acusados de furto.

Radioagência NP - Os agressores do vigilante Januário foram indiciados por tortura. Qual a importância dessa decisão?
 
Dojival Vieira - É a primeira vez na história do Brasil que há um enquadramento, um indiciamento, no crime de tortura motivada por discriminação racial. Ou seja, a aplicação da Lei 9455/97 de forma exemplar. É uma decisão histórica, importante, ainda que, obviamente, seja apenas o começo, já que a partir do indiciamento, da conclusão do inquérito, ele será remetido ao Ministério Público. Caberá ao MP oferecer a denúncia e à Justiça aceitá-la, instaurar o processo, passar os indiciados a réus e condená-los de acordo com a lei.

Que argumentos você utilizou para pedir ao delegado que o crime fosse enquadrado como tortura?


Um homem que é suspeito do roubo do próprio carro, que é perseguido, que tenta se evadir para escapar com vida. É dominado, levado a um canto e torturado durante quase 30 minutos com socos, pontapés, tentativa de esganadura, que inclusive lhe provocaram fratura no maxilar, que provocaram a destruição da sua prótese dentária. Não se pode, obviamente, imaginar que isso seja lesão corporal leve.

O que acontece nas chamadas salinhas para onde são levados os suspeitos?


São espécies de salinhas de castigo, ou salinhas de tortura, em que seguranças despreparados, sem qualquer capacitação e importando essa cultura truculenta e autoritária, do “prende e arrebenta” do período militar, se autorizam, se sentem à vontade para assumir o papel que eles efetivamente não têm. Que é o papel de fazedores de justiça com suas próprias mãos.

Eles acabam exercendo um papel de polícia?


Não é só eles que não podem fazer isso. A polícia também não tem autoridade, em um estado democrático de direito, para bater, agredir nem praticar violência contra ninguém.

O que se pode fazer para acabar com esses abusos?

O Ministério da Justiça precisa fazer um acompanhamento mais amiúde, mais frequente, das atividades dessas empresas. Inclusive, o que se sabe, é que essas empresas de segurança têm mais homens trabalhando armados do que o contingente das Forças Armadas. Então, é uma situação de segurança pública, inclusive. O mercado em que operam as empresas de segurança, que é extremamente lucrativo, não pode operar de acordo com suas próprias leis.

Por que tanta truculência?


Essas empresas transportaram para as relações de consumo práticas que não são próprias da democracia, não são compatíveis com o estado democrático de direito. E as empresas que as contratam – os supermercados e shoppings – não tiveram até agora a preocupação de investir no treinamento e na capacitação desses funcionários.

Que critérios definem um suspeito?


No Brasil, por conta da herança de quase 400 anos de escravidão e de mais 122 anos de racismo pós-abolição, o negro é o suspeito padrão. Frequentemente, quase cotidianamente, as pessoas que são alvo dessas violências, dessas humilhações, desses constrangimentos, desses vexames, são pessoas negras de todas as idades.

Isso ocorre inclusive com crianças?


Eu, particularmente, tenho acompanhado alguns desses casos, e o último deles envolve uma criança de dez anos, que ao se dirigir ao supermercado Extra, da Marginal Tietê, na cidade de São Paulo, após passar no caixa e pagar normalmente as mercadorias que pegou ­– biscoitos, salgados, refrigerantes – foi abordado por seguranças, levado a um quartinho e obrigado a se despir sob a ameaça de chicotes, de agressão. (NOTA DO BLOG: SOBRE O CASO DO GAROTO, LEIA POSTAGEM "EM DEFESA DA INSTITUIÇÃO")

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Shakespere!

Essa postagem eu dedico à Dra. Sônia Maria do Nascimento, advogada do Geledés e uma grande amiga e mestra. Ela me mostrou esse vídeo há alguns anos e eu nunca canso de vê-lo e nunca deixo de aprender algo com ele. Nesse vídeo o texto de Shakespere é brilhantemente interpretado pelo ator Moacir Reis à Juízes e Desembargadores em um encontro de magistrados em Santa Catarina. Guardem essa informação, Juízes e Desembargadores! Olhem o que foi que eles viram e ouviram do gênio William Shakespere!

http://www.youtube.com/watch?v=8eWzFlxjCpI

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Do Mestre!

Esse é do Professor Edson Cardoso, a quem tenho o prazer e a honra de, não só chamar de Mestre, pois assisti várias palestras suas enquanto estive no Geledés-Instituto da Mulher Negra, de companheiro de luta, pois já estivemos em vários Encontros, Conferências e Marchas juntos, mas também de amigo. Com vocês, meu mano Edson Cardoso!

Por: Edson Lopes Cardoso
edson-cardoso
A funcionária Rosana Bullara afirmou à "Folha de S. Paulo" (edição de 3/12/2010) que "foi discriminação", porque o estudante de filosofia Samuel de Souza era "pobre e negro". Samuel desmaiou subitamente após descer do ônibus e morreu na Praça do Relógio, na Cidade Universitária (USP). O corpo de Samuel ficou "por quase seis horas" estirado no chão. Existe um hospital no campus da USP, localizado a menos de três quilômetros do local onde estava o corpo.
No Rio, os porcos comeram partes do corpo apodrecido de Davi Basílio Alves, jovem de 17 anos assassinado pela polícia na Vila Cruzeiro. Segundo reportagem da Folha, Davi era "soldado do tráfico" e seu corpo ficou abandonado "numa rua de terra da Vila Cruzeiro" de quinta (25/11) até sábado (FSP, 5/12/2010).
Além dos corpos negros atirados em vielas e entulhos e na Cidade Universitária de grande prestígio, há os que desaparecem, recolhidos pela polícia, que não tem como provar o envolvimento dessas pessoas assassinadas com o tráfico, e as enterra como indigentes, com a cumplicidade dos IML's.
Entre as normas que definem o que é, ou o que deve ser aceito entre nós, há uma que implica a rejeição perpétua à cor negra da pele. A repulsa ao negro é uma dimensão social e psicológica que constitui a própria nacionalidade. José Bonifácio de Andrada e Silva referiu-se a ela na proposta que encaminhou à Assembléia Constituinte, em 1823: "mas o negro conserva indelevelmente um sinal de separação e de desprezo". Bonifácio afirma ainda que entre nós "uma das causas, que concorre a perpetuar e piorar a escravidão dos negros, é a cor...". (Projetos para o Brasil, Companhia das Letras/Publifolha, 2000, p. 44.)
Uma coisa era o escravo, outra coisa a cor do escravo. Sinal indelével é isso mesmo, que não se dissipa, indestrutível. A televisão, a cultura, os partidos, as vanguardas e as retaguardas, o mundo que nos é familiar se encarrega de disseminar a repulsa e a rejeição e a favorecer e estimular a ação criminosa de assassinos, fardados ou não. Criou-se um consenso de larga memória, cruel e sanguinário: negro, não.
Brasília, 09/12/2010




Leia materia completa: Negro, não - Portal Geledés

Fonte: retirei este trecho do artigo do Portal Geledés. Quem quiser lê-lo na íntegra, conhecer vários outros grandes intelectuais do movimento negro e feminista, ou quiser se interar sobre cultura, política e outras áreas e artes, visite http://www.geledes.org.br/ . Em momentos oportunos falarei um pouco mais sobre o Geledés, ONG onde me pós-formei na militância (a pré-formatura veio do papai Arruda, hahahaha).

Book!

Esse quem me enviou foi meu amigo, parceiro, percussionista, irmão de criação e compadre Duda André (valeu parceiro!)

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Coisas que só a Democracia Brasileira faz por você...

CONCORDO PLENAMENTE E ASSINO EMBAIXO!!!


A arte de querer ser mais realista que o rei
Olhar político
Postado por: Tadeu Ferreira Jr. - 13/02/2011

Nas últimas duas semanas assistimos a pelo menos dois episódios que podem ser classificados, no mínimo, como abuso de poder por parte dos gestores públicos: um se deu em âmbito estadual, onde professoras aprovadas em concurso público e já acostumadas a lecionar na rede estadual foram reprovadas em exame de aptidão física por serem obesas.
O outro, caso ainda mais bisonho, se deu em Santos, com jovens do Programa Guardião-Cidadão, da Prefeitura, sendo obrigadas a assinar documentos garantindo não estarem grávidas e se comprometendo a não engravidar.
O que pensam os gestores públicos? Como alguém acima do peso pode estar apta a lecionar num dia e no outro, como num passe de mágica, não estar mais? É preciso acabar com a síndrome do super-homem, em que os servidores municipais, em vez de disciplinar, resolvem assumir as rédeas das vidas e controlar os passos das pessoas.
Bom seria se o deputado estadual Carlos Gianazzi (PSOL) pusesse em prática o que sugeriu no calor de um discurso. Se as professoras podem ser consideradas inaptas para o trabalho por serem obesas, impeçamos também os prefeitos, governadores, deputados e agentes públicos em geral de correr riscos. Será que as congressistas seriam capazes de aprovar uma lei que extinguisse os mandatos de deputadas que engravidassem? Certamente não.
Para piorar, além de extrapolar os limites do bom senso, esse tipo de ingerência, invariavelmente, acaba nos tribunais, em ações que podem gerar ônus financeiro aos cofres públicos e punir quem nada tem a ver com medidas tão desnecessárias: o contribuinte.
FONTE: Jornal A Tribuna – Blog Dia a Dia

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Verdadeiros punks não agem assim!

Saiu no Estadão e meu parceiro Toli me mandou a notícia (valeu parceiro!): alguns "punks" esfaquearam um músico em Guarulhos por causa do cara ter reclamado das pichações nos muros de sua escola.

Essa notícia me chateou em particular porque conheci e fiz vários amigos e companheiros no movimento punk. Junto com outros jovens do movimento negro, participei e fui aliado de vários punks em debates, conferências e encontros de jovens aqui em São Paulo e em várias partes do país. Em especial com o grupo Anarcopunks Contra o Racismo, onde conheci companheiras e companheiros de enorme valor, a despeito de seu aspecto estético e musical aparentemente agressivos. O visual e o som podem parecer assim, mas violência gratuita e, pior, letal, não era uma característica anarcopunk.

Mesmo com divergências, e mesmo com o temperamento, digamos mais exaltado, é inadmissível acreditar que algum dos punks que encontrei agiria dessa forma com qualquer outra pessoa. Assassinato definitivamente não é uma das formas de ação dos anarcopunks.

Já há algum tempo perdi contato com o grupo, até por estar um pouco mais afastado dos movimentos sociais, e espero que esta não tenha se tornado uma conduta padrão do movimento punk, e que, portanto, o movimento dê alguma resposta à sociedade, e em especial, à família da vítima dessa covardia, que não condiz com o sonho de igualdade, liberdade, tolerância e combate à todas as formas de discriminação e intolerância do qual nós sempre compartilhamos.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Não tem mais "moreno" no futebol

O jogador do Barcelona e da Seleção Brasileira Daniel Alves disse em entrevista que sofreu racismo por parte de torcedores espanhóis, sendo muitas vezes chamado de macaco. A notícia é triste, mas não é novidade. Esse comportamento tem sido combatido pela Champions League e pela FIFA já há alguns anos em campos não só espanhóis, mas também ingleses, italianos e franceses, só pra citar os grandes polos do futebol europeu.

O que me chamou a atenção foi o fato do jogador de se autodefinir como "moreno claro de pais negros". Que diacho é isso??? Que nova etnia é essa? Na verdade, o jogador achou que a baboseira gilbertofreireana ia salvá-lo de ser tratado como negro na Europa.

A tese da "morenidade" e da "mulatinidade" só funciona no Brasil, e mesmo assim, em algumas áreas da sociedade (com a polícia, por exemplo, não funciona, na hora da dura, todo policial sabe muito bem definir quem é negro!). No restante do mundo, nos países em que a questão racial foi encarada de frente, estas nuances de cor não existem. Todos sabem de onde vieram, e baseados nisso, sabem bem pra onde vão e quem são.

Daniel, meu querido, você joga muita bola, mas precisa repensar alguns conceitos. Se como você mesmo disse, seus pais são negros, então você é negro. Filho de negros, são negros! Alguns de nós são mais claros, outros mais escuros, mas são negros. Alguns com os cabelos mais crespos, outros menos, mas são negros. Alguns com os olhos castanhos mais escuros, outros mais claros, e poucos até com os olhos verdes como os seus, e que você fez questão de frisar, mas ainda assim, são negros!

O tom da pele é apenas uma, e embora seja a mais óbvia, nem é a mais marcante das características dos afrodescendentes. Seu cabelo, seu nariz e seus lábios deixam explícito suas raízes. Você, e muitos irmãos e irmãs afrodescendentes podem até tentar se disfarçar de "moreno", "mulato", e o que mais suas imaginações férteis inventarem, mas, meu velho, preto é preto, branco é branco, e sempre que você se esquecer disso, o sistema vai te lembrar... De um jeito ou de outro!

Futebol é pra ser divertido...

Aconteceu de novo! O Corinthians perdeu nova chance de vencer a Copa Libertadores da América, principal competição sul-americana de futebol. Aconteceu de novo! Parte da torcida se achou no direito de depredar o patrimônio do clube e de particulares, para tirar satisfações sobre a vexaminosa derrota para o Tolima, da Colômbia.

Aconteceu de novo! Domingo jogaram Corinthians X Palmeiras. O Corinthians venceu por 1 a 0. Aconteceu de novo! Parte da torcida palmeirense se achou no direito de depredar a entrada de um edifício só porque havia uma bandeira do Corinthians em uma das janelas do prédio.

As cenas vão se repetindo, exaustivamente, entra ano, sai ano e parte das torcidas organizadas (qualquer uma delas) se acha no direito de praticar toda sorte de violências, sejam verbais, morais ou físicas. Vamos parar de babaquice, gente! Não tem de ir pra porta de clube nenhum pra fazer manifestação nenhuma! Nem pacífica, nem violenta! Vão caçar algo útil pra fazer da vida! Um jogo é só um jogo! Futebol é esporte, e por mais apaixonante que seja, só é porque é divertido. O legal do futebol é tirar sarro do colega de trabalho no dia seguinte, quando seu time ganha do dele... E se for o contrário, aguentar a tiração dos amigos também. O torcedor do time adversário não é seu inimigo, é só o cara que torce pra outro time... Eu não quero que todo mundo torça pro mesmo time que eu, senão, qual é a graça? Tem de ter outros times e, por consequência, gente que torça por eles.

Pode parecer um absurdo, mas, acreditem, tem coisas mais importantes do que o futebol acontecendo! Querem se manifestar? Manifestem-se contra o aumento de salário dos deputados e senadores, aprovado na calada da noite, e que é você que vai pagar! Manifeste-se contra as enchentes que afogaram as maiores cidades do país, e os políticos culparam "a natureza"! Manifeste-se a favor de uma reforma política que impeça anomalias como Tiririca ou Maluf continuem se elegendo! Manifeste-se a favor do projeto do senador Cristóvam Buarque que obriga políticos eleitos a matricular seus filhos em escolas públicas pra ver se assim a educação do país melhore. Manifeste-se para que a saúde tenha o investimento necessário para que as pessoas não sejam atendidas nos corredores ou no chão dos hospitais lotados! Vamos começar por aí, tá bom, depois nos preocupamos com os clubes de futebol (cujos dirigentes e atletas já estão com a vida ganha!).

Eu fico vendo as torcidas no estádio, com suas coreografias, é muito legal, deixa o futebol mais bonito, é importante esse lado do espetáculo. Só que quando as câmeras fecham em close, eu vejo as camisetas com dizeres ideológicos, como "lealdade", vejo figuras em que o escudo do time está num canhão ou num tanque de guerra, ouço gritos que não são coro de torcida, porque nem está incentivando o time pra qual torcem, está só autopromovendo a própria torcida, no quanto ela é feroz, ou mais forte, ou mais violenta... "vou dar porrada e ninguém vai me segurar"? Qual é... O que isso tem a ver com futebol? Futebol é espetáculo, como um show de música, por exemplo. Você compra o ingresso, assiste o show e, quando acaba, você vai embora pra sua casa. Simples! Já pensou se a moda pega? Você compra ingresso pra assistir a um festival. Esse festival vai ter Ivete Sangalo e Racionais MCs, vamos supor. Imagina se os fãs de um, resolvem trocar sopapos com o fã do outro... Ridículo, não? Pois é...

Torcida tem de torcer! É o motivo para o qual ela existe! Sem viés ideológico, sem causa a defender, sem passionalidades inúteis, sem babaquice!

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Quer brincar?

É sempre brincadeira...

Na madrugada de segunda-feira um suposto morador de rua, nitidamente alcoolizado e ainda não identificado, foi humilhado, agredido e amarrado à um poste de sinalização de trânsito por alguns jovens na cidade de Lindóia, interior de São Paulo. Um dos rapazes que já está detido disse que era "brincadeira". A vítima, segundo o delegado, é um conhecido alcoólatra da cidade, todos o conhecem e dizem que ele "não faz mal a ninguém". Se não faz mal a ninguém, qual o motivo da "brincadeira"? Motivo: ser o "bêbado" da cidade!

Há dois ou três anos, uma empregada doméstica foi agredia na rua (confesso que não me lembro bem do caso, exatidão da cidade ou do nome da vítima, se algum leitor souber, por favor, cite os detalhes na sessão de comentários). Lembro que era uma empregada doméstica e foi brutalmente agredida. "Brincadeira", lógico. Motivo: os agressores pensaram se tratar de uma prostituta!

20 de abril de 1997, Brasília, o índio pataxó Galdino Jesus dos Santos foi queimado vivo por cinco jovens da alta sociedade do Distrito Federal. Óbvio que, de novo, "era brincadeira". Motivo: acharam que Galdino era mendigo!

Avenida Paulista, quatro ataques à hossexuais em pouco mais de um mês. Um desses ataques é registrado em câmeras de segurança da avenida, a imagem é mostrada à exaustão e estarrece o país. Motivo: era "viado"!

Detalhe: absolutamente ninguém foi rigorosamente punido por nada disso até agora. Duvido que os de Lindóia serão.

Bom, quer dizer que se for com bêbado, prostituta, mendigo e viado, podemos "brincar" à vontade!!! Liberou geral!!!

E você, se quiser e/ou puder, durma tranquilo, com um barulho desses!

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Odoya!

Hoje, 2 de fevereiro, em Salvador e em várias outras cidades se comemora o dia de Yemoja (Iemanjá, no aportuguesado). Orixá do mar, mãe dos outros Orixás e nossa grande Mãe.

Eu particularmente tenho um apresso especial por essa Orixá, pois sou filho dela (vide meu perfil). Portanto, que ela olhe e cuide de todos nós, cuide de nossa Ori (cabeça, mente) para que tenhamos sempre os bons pensamentos e dissernimento em nossas decisões de todos os dias!

Essa postagem vai especialmente para Yalode Mattos, minha "mãe criadeira", que além de filha de Yemoja é aniversariante recente e para ekedi Marina, também filha de Yemoja e que cuida tão bem de todos que se recolhem em nossa Ebé Orixá (Casa de Santo, Terreiro).

Yemoja abençoe a todos!

Grande iniciativa!

À todas e todos,

Essa quem me mandou foi meu parceiro e militante como eu, Prof. Dr. João Batista de Jesus Felix, o Batistão, e vale  a pena dar uma força. Olha só:

PROJETO DE LEI DO SENADO Nº 480, DE 2007, DETERMINA A OBRIGATORIEDADE DE OS AGENTES PÚBLICOS ELEITOS MATRICULAREM SEUS FILHOS E DEMAIS DEPENDENTES EM ESCOLAS PÚBLICAS ATÉ 2014.
 

            Projeto obriga políticos a matricularem seus filhos em escolas públicas. Uma idéia muito boa do Senador Cristovam Buarque. Ele apresentou um projeto de lei propondo que todo político eleito (vereador, prefeito, Deputado, etc.) seja obrigado a colocar os filhos na escola pública. As conseqüências seriam as melhores possíveis. Quando os políticos se virem obrigados a colocar seus filhos na escola pública, a qualidade do ensino no país irá melhorar. E todos sabem das implicações decorrentes do ensino público que temos no Brasil. 
SE VOCÊ CONCORDA COM A IDÉIA DO SENADOR, DIVULGUE ESSA MENSAGEM.

Ela pode, realmente, mudar a realidade do nosso país. O projeto PASSARÁ, SE HOUVER A PRESSÃO DA OPINIÃO PÚBLICA. Desde o começo de 2009 ele se encontra parado na CCJ - Comissão de Justiça.
         
Ainda que você ache que não pode fazer nada a respeito, pelo menos passe adiante para que chegue até alguém que pode fazer algo.


sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Em defesa da "Instituição"

Assisti no Jornal Hoje pela TV, li no Estadão online. Acusado de furtar 2 pacotes de bolachas, 2 pacotes de salgadinhos e um refrigerante, T., um garoto de 10 anos de idade, foi chamado de "negrinho sujo e fedido", obrigado a tirar a roupa e ameaçado verbalmente por três seguranças do Hipermercado Extra, na Marginal Tietê. Agora, o Hipermercado e os três seguranças estão sendo investigados criminalmente e processados na esfera civil por racismo.

Injusto... Levando-se em consideração que este perigoso meliante de 10 anos foi capturado por três agentes (sim, porque eram precisos 3 para deter um ardiloso fascínora daquela estatura!). Três agentes de astuta e perspicaz inteligência. Há de se dizer que temos, em nosso país, para nosso orgulho, os mais bem preparados seguranças patrimoniais privados do mundo. Bem preparados, treinados sob os mais rígidos padrões de comportamento, ética, direitos humanos, capacidade de reação sob pressão e avaliação emocional. Formados por três ou quatro anos nos melhores cursos noturnos e supletivos de escola pública (cuja qualidade educacional é incontestável!).

A certeza do flagrante e do êxito em tão espetacular operação era tamanha, que nem era necessário simplesmente requisitar o cupom fiscal para comprovar a inocência ou culpa do acusado de tão ousado e vultoso furto. Cupom este, que (pasmem!!!!) estava em poder do menor infrator, o que só comprova sua audácia e ousadia! Onde já se viu, furtar e ainda levar consigo, o cupom comprovante de pagamento do produto do roubo?!

Requerer o cupom? Não, suspeito demais... Nossos verdadeiros CSIs do Varejo têm as melhores técnicas de perícia científica (daí o porque de mandá-lo tirar a roupa, era para examiná-la) e as infalíveis táticas de interrogatório para uma confissão limpa, segura e irrefutável (daí os insultos e ameaças ao elemento).

Ora, o que tem a ver o fato do garoto ser negro? E daí que, conforme pode ser conferido na própria matéria do Estadão, há outros dois precedentes de casos envolvendo forças de segurança privada em hipermercados e pessoas negras?

Devíamos era agradecer, pois graças à esta tão honrosa instituição moral e ética que são os seguranças privados, podemos frequentar nossos shoppings, hipermercados, bancos e lojinhas de produto pirata com segurança!

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Se liga, 16?

Acordei hoje com a notícia de que "aquele" garoto, que volta e meia aparece na mídia com uma tarja na cara preso por roubo de carros, adivinhem, foi preso de novo. Já são mais de dez prisões, a primeira, com 11 anos de idade. Óbvio que os simplistas de sempre começaram a tirar o mofo da velha e esgarçada bandeira da redução da minoridade penal.

É... Vamos super-superlotar as nossas já superlotadas cadeias e enchê-las de adolescentes de 16 anos. Mais que isso, vamos concluir que esta medida, por si só, vai resolver o problema da "delinquência juvenil".

Vamos continuar ignorando o Estatuto da Criança e do Adolescente, reconhecido internacionalmente como um dos mais avançados conjuntos de leis de proteção à criança do mundo. Vamos continuar fingindo que o Estatuto não existe... Vamos esquecer que a Constituição dá direitos e garantias às crianças e adolescentes que o Estado, em suas esferas municipais, estaduais e federais não põem em prática. Vamos continuar negligenciando o fato de não existir um único exemplo de política pública para a juventude no Brasil que possamos considerar exitosa vinda, idealizada e totalmente/ exclusivamente bancada por qualquer esfera de poder executivo.

Pronto, fazemos tudo isso, fazemos aquele discurso "a culpa é do governo", como se o governo fosse um ser alienígena, uma entidade cósmica autônoma, cuja formação não foi dada por nós através de voto, não o pressionamos para que ele cumpra a parte dele, ele, por sua vez não cumpre, e quando as coisas saem do que achamos que é o controle, jogamos milhares de adolescentes na cadeia. Jogamos pra baixo do tapete. Não agradou, tá feinho, tá fedidinho, tá pobrinho, não tá fashion? Pôe na cadeia, eles que se virem lá...

Legal, só tenho uma pergunta: quando reduzir a minoridade penal pra 16 não resolver, fazemos o quê? Baixamos pra 14? Simples assim...?

Não deixem a água levar embora...

As águas têm castigado as populações de São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo e, principalmente, as cidades serranas do Rio de Janeiro. Foram dezenas de mortos na capital paulistana e mineira, enquanto a tragédia ocorrida no Rio vai, certa e infelizmente, ultrapassar os 1000 mortos. Que nas próximas eleições nós nos lembremos das casas, carros, sonhos, realizações e vidas, que anos de descaso e negligência permitiram que as águas levassem. Agora, não vamos nos dispersar... Não deixem as águas levarem sua memória! A grande imprensa têm dado cobertura ao ocorrido no Rio, e com razão, afinal, foi a maior tragédia natural já ocorrida por aqui, mas não esqueça que:

* Dias depois da ocupação do Complexo do Alemão, a população local vinha fazendo várias denúncias contra a polícia, em relação a abuso de poder, maus tratos, violência, humilhações, invasões e,em alguns casos, até mesmo de extorsão...;

* A reforma do Maracanã, orçada em 500 milhões, vai ultrapassar o 1 bilhão, ninguém explicou direito o porquê e somos nós que vamos pagar essa conta...;

* Misael dos Santos, o assassino de Mércia Nakagima continua foragido...;

* Que os casos do mensalão do DEM e dos passaportes especiais pra bebê
 da família do ex-presidente ainda são histórias mal contadas.

Se liga hein, não deixe a comoção nacional alienar você!

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Uma época marcante II

Uma Época Marcante - Parte 2

O Hip Hop segue sendo o grande articulador, aglutinador e agente transformador nos trabalhos sociais com jovens de todo o Brasil. A MTV, conhecida emissora multinacional de música e comportamento jovem, tem em seu top 10 da matriz americana, sempre, ao menos sete artistas negros de Hip Hop e/ ou R´N´B, mesmo sendo seu maior público os jovens brancos e de classe média. Mesmo perfil de público de sua filial brasileira, que, apesar deste perfil, tem, como recordista de vendas de seus especiais de TV vendidos em DVD, um sambista, Zeca Pagodinho, que também é recordista em números de especiais feitos com a emissora, já foram três. Em compensação, no Rio Grande do Sul, dois neonazistas esfaquearam um segurança no metrô, dizendo "todos os negros têm de morrer".

As novidades:
1- eles estão presos;

2- além de tentativa de homicídio, foram indiciados e responderão também pelo crime de racismo.

Racismo, este, totalmente banido dos campos de futebol europeus, depois de vários jogadores, negros e não negros se recusarem a jogar diante de torcidas que se comportassem de forma racista. Em tempo, a seleção de Gana é a atual campeã da Copa do Mundo sub-20. De novo!

Enfim, cá entre nós aqui, a negrada, passamos por um momento em que os êxitos culturais tradicionais, culturais, modernos e contemporâneos, têm refletido nossos avanços e conquistas políticas, sociais e econômicas, e nos lembram que ainda temos muito pelo que correr atrás. Os índices de desenvolvimento humano (IDH), e, no Brasil, mais especificamente, os índices do IBGE e do IPEA ainda nos mostram o quanto é preciso avançar para que consigamos uma real liberdade e independência, e uma sociedade mais justa e igualitária.

Minha obrigação, não só quanto ativista, mas quanto um pretenso comunicador, é contribuir com material que subsidie a opinião pública, é convidar a sociedade a refletir sobre os fatos, por exemplo, estes todos citados acima, e, através de uma análise crítica, fazer com que as pessoas tomem conhecimento deles, os analise e encontre aonde estes fatos se convergem.

Esta é minha proposta, me coloco à disposição pra conversar com vocês a respeito de cultura negra, música, futebol, política e questões sociais, raciais e de gênero, para, desta forma, fomentar discussões destes temas e de temas correlatos. Abraço!

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Uma época marcante!!!!

Uma Época Marcante

Salve todas e todos. Aniversário de São Paulo. Data que escolhi pra inaugurar este espaço de informação, troca de idéias e entretenimento. Como paulistano que sou, achei emblemático me utilizar do aniversário da maior metrópole do país pra falar da ordem caótica, ou do caos ordenado em que estamos vivendo...

Estamos numa época marcante... É um momento único, em que vários acontecimentos paralelos formam um todo aparentemente caótico, mas que, observados mais atentamente, se explicam e se justificam entre si. Um pouco de acaso, um pouco de sorte, um pouco de azar, muito de descaso, com seus efeitos colaterais, fazem com que nós avaliemos a forma de como enxergamos a cultura, o comportamento e a forma de como pensamos o Brasil e o mundo.

Nos Estados Unidos, cultura de maior influência no mundo ocidental, duas bombas ainda sacodem o planeta: um homem negro, de descendência africana e nome árabe, assume a presidência daquele país, o posto mais poderoso do planeta, enquanto o homem mais poderoso do showbizz morre há poucos dias de sua reestréia em turnês e seu retorno triunfal. Barack Obama e Michael Jackson são alguns ícones deste momento histórico. O primeiro foi Nobel da Paz e o segundo ainda é recordista absoluto em todos os critérios e quesitos do mercado pop e teve sua morte envolta em grande mistério e polêmica.

Falando em pop, ano passado assistimos à "Besouro - O Filme", produção orçada em 150 milhões de reais, que conta a história de Besouro, renomado e lendário capoeirista do recôncavo baiano que defendia os negros na década de 20. O filme de ação, gênero praticamente inédito no Brasil, virou fenômeno na internet e foi muito elogiado pela crítica.

No esporte, tivemos a primeira Copa do Mundo em continente africano, vencida pela primeira vez pela seleção espanhola, que jogou um futebol muito parecido com o nosso, já que nós jogamos nessa Copa um futebol parecido com o de sei lá quem... Estamos às vésperas da primeira Olimpíada na América do Sul, a realizar-se no Rio de Janeiro em 2016, o mesmo Rio que já nos deu os bailes funk, antes marginalizados e sinônimos de violência e crime, e hoje, reconhecido por lei, é patrimônio cultural do Rio de Janeiro, além de ser o grande hitmaker do momento com suas batidas eletrônicas e suas "mulheres-fruta", ganhando espaço em todas as grandes capitais e em festivais de música mundo afora. O mesmo Rio palco de constantes  conflitos entre o Estado e instâncias de poder paralelo (traficantes e milícias). No último e maior desses confrontos, assistimos, em tempo real, o bang-bang entre polícia e tráfico e cujas únicas vítimas e, ao mesmo tempo heróis são a população.

Em São Paulo, na mesma av. Paulista onde 3 milhões de pessoas anualmente mostram o que é tolerância, civilidade e cidadania, a moda agora é espancar homossexuais. Já foram quatro ataques em 2 meses. A mesma São Paulo que tem o Centro de Tradições Nordestinas, mostrou todo seu racismo nazi/fascista nas manifestações via twitter contra a eleição de Dilma Roussef, “culpando” os nordestinos pela eleição da primeira mulher ao mais alto posto do país. Elegemos uma mulher para presidente, mas ainda espancamos, estupramos, humilhamos e subjugamos as mulheres brasileiras. Estamos ou não numa época marcante?

Peraí que que tem mais! Abraço!