sexta-feira, 22 de julho de 2011

Som da Semana

Salve todas e todos!

No Som da Semana desta semana, vamos com duas pancadas de Criolo. Tirados do CD "Nó Na Orelha", com produção de Daniel Ganjaman e Marcelo Cabral, o rapper, cantor e compositor mostra nas faixas "Não Existe Amor Em SP" e  "Subirusdoistiozim" porque é o cara mais comentado na música hoje.
Se liga e ouve aí:

"Não Existe Amor Em SP"
http://youtu.be/f35HluEYpDs

"Subirusdoistiozim"
http://youtu.be/OgBSbREVls0

Deu no Diário de São Paulo

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta sexta os resultados do estudo "Pesquisa das Características Étnico-Raciais da População: um Estudo das Categorias de Classificação de Cor ou Raça", realizado em seis Estados. Segundo a pesquisa, mais da metade dos entrevistados (63,7%) disseram que a cor ou raça influencia a vida das pessoas.

A principal situação em que isso acontece, segundo os entrevistados, é no trabalho, citado por 71%, seguida por "relação com justiça/polícia" (68,3%), "convívio social" (65%), "escola" (59,3%) e "repartições públicas" (51,3%). As informações foram coletadas em 2008, em uma amostra de cerca de 15 mil domicílios, no Amazonas, Paraíba, São Paulo, Rio Grande do Sul, Mato Grosso e Distrito Federal.

Aqui se fez, agora paga!

Salve todas e todos!

Vocês se lembram do artigo "Em defesa da instituição", em que postei dia 28 de janeiro? Nesta postagem, eu ironizava os "vigias" do comércio que, como em vários e vários casos, perseguiram e constrangeram um garoto negro de 10 anos de idade, acusando-o de roubar em uma loja do Pão de Acúcar, mesmo com o garoto apresentando nota fiscal da mercadoria que portava.

Pois bem, segundo a assessoria de imprensa do GPA (Grupo Pão de Açúcar), à época em que a história repercutiu na mídia, eles foram demitidos, e, ontem, a empresa pagou uma indeniação de 260 mil reais ao garoto e sua família.

Bem feito! Que sirva de exemplo: pras empresas preparaem melhor seus funcionários para lidarem com a diversidade, e para as vítimas denunciarem sempre, e não desistirem nunca!

terça-feira, 19 de julho de 2011

93 Anos de Nelson Mandela

Nós ativistas de toda e qualquer corrente de lutas sociais, que lutamos por um mundo mais justo, igualitário e democrático, temos de celebrar a data de hoje. Chega aos 93 anos de vida, Nelson Mandela, líder negro sul-africano e principal articulador da luta anti-apartheid, política governamental segregacionista, da África do Sul.

Parabéns Madiba,

abraço a todas e todos!

sábado, 2 de julho de 2011

Som da Semana

Salve todas e todos!

Pra esquentar o clima nessa friaca (p.q.p., como eu odeio frio!!!!), vamos de Rage Against The Machine, banda super politizada que praticamente inventou o new metal, com "Killing In The Name". Presta atenção na letra e sai pulando!

Abraço!

Rage Against The Machine - "Killing In The Name"

http://youtu.be/rVcEGeRdEGw

Funk Carioca para leigos

Eletro-funk Carioca
Esse é o nome verdadeiro do ritmo criado no Brasil (isso mesmo! No Brasil!) que ganhou as pistas, as ruas e os quadris de brasileiros e europeus

O “funk” que se ouve nos “bailes funk” Brasil afora é, como quase tudo que vem da periferia, de uma mistura de pouca informação, muito talento de improvisação, capacidade de adaptação e o molho de criatividade que só o brasileiro tem. Nossa história começa nos anos 70, quando toda a negrada de todas as quebradas das capitais do eixo Sul-Sudeste tinham, como forma de lazer, os bailes blacks. Disco music, funk, soul e samba-rock embalavam as juventudes negras e brancas pobres das metrópoles. No Rio de Janeiro, o termo “baile black” não era muito utilizado, o que se dizia por lá era “baile funk”, já que este era o ritmo que imperava.

Pois bem, esta é apenas uma das peculiaridades dos bailes do Rio. Outra peculiaridade é que, se compararmos a São Paulo, encontraremos outras diferenças vitais para entendermos como chegamos ao “funk” de hoje: São Paulo e Rio tinham basicamente o mesmo repertório de sons, mas os cariocas sempre preferiram os ritmos mais rápidos. Funks com batidas mais frenéticas, enquanto que São Paulo sempre foi mais do soul mais arrastado, daquele de se dançar deslizando no salão, algo como “Same Beat” de James Brown ou “Funk Worm” de Ohio Players, enquanto o Rio sempre foi mais para “Dance On The Floor” de Jimmy “Bo” Horn ou “Think” de Lynn Colins, que são sons mais rápidos.

Na década de 80 essa tendência dos bailes paulistas e cariocas continuaram: em São Paulo, o rap começava a entrar no set list dos DJs, com ênfase ao rap feito em Nova York, mais parecido e influenciado por James Brown, com ênfase nos timbres mais pesados, principalmente nos bumbos, com batidas mais compassadas, rolando sons de nomes como Kool Moe Dee, Biz Markie, Boogie Down Productions, etc., assim como um flerte com o raggamuffin´ jamaicano de Shabba Ranks e similares, enquanto que no Rio, a vertente do rap que mais se assemelhava à pulsasão que os cariocas gostavam veio do Miami Bass, rap feito em Miami por negros e latinos influenciados pelas batidas rápidas do breakdance, febre nos anos 80, e com ênfase em timbres graves, principalmente dos timbres de subwoolf, chamado em inglês de “Bass”. Daí o nome: Bass feito em Miami = Miami Bass. Essa batida tinha um criador, Afrika Bambaata. Quem quiser ouvir a raíz do “funk” feito no Rio, tem de conhecer seu maior sucesso, a música “Planet Rock”, o som que inaugurou o termo “Eletro-funk”, ou seja, um funk feito inteiramente de recursos usados na música eletrônica. Todos os “miamis” e “funks cariocas” feitos dos anos 80 até o início dos anos 90 é feito e cantado encima dessa batida. Funk feito de recursos eletrônicos = Eletro-funk. Sacaram?

Quem fosse à um “baile funk” no Rio iria escutar os pancadões de, entre outros, Gigolo Tony, Le Juan Love e o maior representante do rap de Miami, o grupo 2 Live Crew. Além do Miami Bass, a outra principal influência do “funk carioca” foi algo que nos Estados Unidos não fez muito barulho... Na verdade, não fez barulho em parte alguma do planeta a não ser no Rio de Janeiro, e por lá rendeu muitos frutos. Estou falando do que ficou chamado de “Latin Hip Hop”. Era uma tentativa de usar as batidas do Hip Hop, principalmente os breakbeats do breakdance, misturar com percussões latinas tiradas de bateria eletrônica, teclados e vocais melódicos, e letras românticas. Complicado, né...? Para entender melhor ouçam “Silent Morning” de Noel Pagan, “Tell Me” das Cover Girls ou qualquer música de Stevie B, um “clássico” do gênero.

Nas letras dos (já artistas consagrados em suas quebradas), artistas do rap de São Paulo e do “funk” do Rio de Janeiro, outra diferença vital: influenciado pelo rap nova-iorquino, em São Paulo, os raps eram mais “sérios”, com letras politizadas, falando de consciência racial e social, racismo, violência policial e urbana, etc. No Rio, cidade praiana, ensolarada, conhecida pela irreverência, com grande influência do Miami Bass, de letras explicitamente eróticas e do “Latin Hip Hop”, predominantemente românticas, não deu outra: letras com duplo sentido, de conotação sexual, ou o chamado “funk melody”, nosso “Latin Hip Hop”, com letras românticas, vide Latino, MC Marcinho ou Copacabana Beat. Toda regra tem exceção, mas em via de regra, era isso... E sem maniqueísmo, sem essa de quem estava certo, ou quem estava errado, cada qual com seu cada um, e tá valendo.

Toda essa produção efervescente do “funk carioca”, assim como o rap em São Paulo, se deu de forma totalmente independente do mercado cultural formal. Sob a tutela do DJ Marlboro, ainda hoje o maior nome do eletro-funk carioca, já que está nesse movimento desde seu início nos anos 80, produzindo e lançando artistas, e hoje, leva o gênero mundo afora em turnês internacionais, o eletro-funk carioca pode se chamar assim, porque evoluiu.

Há muito tempo não se ouve um lançamento de “funk carioca” baseado nas batidas de “Planet Rock”. O som feito no Rio de Janeiro, inventado pelos cariocas pode se chamar de “carioca”, ter nome próprio, porque, com seus escassos recursos, criou duas ou três células percussivas que não existiam antes em gênero musical algum! Foi inventado por eles! Você, cara leitora, caro leitor, deixe seu preconceito de lado, se quiser, ignore a letra cheia de “sacanagens”, se você for um daqueles muito puritanos, ou ouça bem baixinho, se não quiser ser flagrado por ninguém e se sentir constrangido. Estou lhe convidando a ouvir e prestar atenção no experimento musical único e inédito que os cariocas vêm fazendo. Sintetizados lá naquelas baterias eletrônicas e computadores, batidas de afoxé, de escolas de samba e até de umbanda estão lá! Nenhum, repito, nenhum gênero musical no mundo inteiro, se utilizou desses elementos ancestrais e os transformou em dance music, em música pop contemporânea, com tamanha eficácia. Então o eletro-funk feito no Rio de Janeiro, Brasil, é diferente de qualquer eletro-funk feito no mundo. Porque no resto do mundo, se faz eletro-funk inglês ou americano... Aqui, fazemos eletro-funk Carioca!!!