sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Em defesa da "Instituição"

Assisti no Jornal Hoje pela TV, li no Estadão online. Acusado de furtar 2 pacotes de bolachas, 2 pacotes de salgadinhos e um refrigerante, T., um garoto de 10 anos de idade, foi chamado de "negrinho sujo e fedido", obrigado a tirar a roupa e ameaçado verbalmente por três seguranças do Hipermercado Extra, na Marginal Tietê. Agora, o Hipermercado e os três seguranças estão sendo investigados criminalmente e processados na esfera civil por racismo.

Injusto... Levando-se em consideração que este perigoso meliante de 10 anos foi capturado por três agentes (sim, porque eram precisos 3 para deter um ardiloso fascínora daquela estatura!). Três agentes de astuta e perspicaz inteligência. Há de se dizer que temos, em nosso país, para nosso orgulho, os mais bem preparados seguranças patrimoniais privados do mundo. Bem preparados, treinados sob os mais rígidos padrões de comportamento, ética, direitos humanos, capacidade de reação sob pressão e avaliação emocional. Formados por três ou quatro anos nos melhores cursos noturnos e supletivos de escola pública (cuja qualidade educacional é incontestável!).

A certeza do flagrante e do êxito em tão espetacular operação era tamanha, que nem era necessário simplesmente requisitar o cupom fiscal para comprovar a inocência ou culpa do acusado de tão ousado e vultoso furto. Cupom este, que (pasmem!!!!) estava em poder do menor infrator, o que só comprova sua audácia e ousadia! Onde já se viu, furtar e ainda levar consigo, o cupom comprovante de pagamento do produto do roubo?!

Requerer o cupom? Não, suspeito demais... Nossos verdadeiros CSIs do Varejo têm as melhores técnicas de perícia científica (daí o porque de mandá-lo tirar a roupa, era para examiná-la) e as infalíveis táticas de interrogatório para uma confissão limpa, segura e irrefutável (daí os insultos e ameaças ao elemento).

Ora, o que tem a ver o fato do garoto ser negro? E daí que, conforme pode ser conferido na própria matéria do Estadão, há outros dois precedentes de casos envolvendo forças de segurança privada em hipermercados e pessoas negras?

Devíamos era agradecer, pois graças à esta tão honrosa instituição moral e ética que são os seguranças privados, podemos frequentar nossos shoppings, hipermercados, bancos e lojinhas de produto pirata com segurança!

2 comentários:

  1. parabens muito bom seu blog.
    infelizmente no Brasil é assim um pais sem racismo sem diferenças de raça e classe social.
    Quando um negro famoso vai a tv e diz que o racismo não existe e nunca sofreu, é porque esqueceu de onde veio ou vivia em uma redoma

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  2. Clodoaldo, muito bem exposto o fato e seus comentários, parabéns!
    Deparo-me diariamente com situações deste tipo, e muitas poucas ações são feitas para coibir tal prática, sendo inúmeros os motivos para isso.
    Sem dúvida o despreparo dos profissionais, a política, e a cultura do nosso país corroboram para que cada dia mais tenhamos situações como as relatadas. Muito triste!.

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