Cliente negra sofre racismo em supermercado Walmart
Dona-de-casa de 56 anos foi parar no hospital depois de ser acusada de furto
24/02/2011
Jorge Américo,
De São Paulo, da Radioagência NP
A dona-de-casa Clécia Maria da Silva, de 56 anos, foi parar no hospital depois de ser acusada de furto em uma loja da rede de supermercados Walmart, em Osasco, na Grande são Paulo. A cliente portava o cupom fiscal que comprovava o pagamento das mercadorias. Ainda assim, foi constrangida por um segurança, que revistou sua bolsa. Segundo a médica que atendeu a dona-de-casa, ela teve uma crise de hipertensão e ficou próximo de sofrer um Acidente Vascular Cerebral (AVC).
O segurança teria dito que “isso acontece mesmo com os pretos”, segundo relato da cliente. A ocorrência foi registrada como calúnia no 9º Distrito Policial de Osasco, no dia 18 de fevereiro. O advogado Dojival Vieira, que acompanha o caso, pedirá ao delegado abertura de inquérito por injúria racial e constrangimento ilegal.
“Frequentemente, quase cotidianamente, as pessoas que são alvos dessas violências, dessas humilhações, desses constrangimentos e desses vexames são pessoas negras de todas as idades.”
O Walmart possui 400 lojas no Brasil. Em 2010, as unidades da empresa espalhadas pelo mundo faturaram quase US$ 410 bilhões. Para Dojival, esse poderio econômico não se reflete em respeito aos cidadãos. Ele defende uma maior fiscalização, por parte do Ministério da Justiça, das empresas de segurança contratadas para defender tamanho patrimônio.
“Essas empresas transportaram para as relações de consumo práticas que não são próprias, não são compatíveis com o estado democrático de direito. E as empresas que as contratam – os supermercados e shoppings – não tiveram até agora a preocupação de investir na capacitação e no treinamento desses funcionários.”
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