O jogador do Barcelona e da Seleção Brasileira Daniel Alves disse em entrevista que sofreu racismo por parte de torcedores espanhóis, sendo muitas vezes chamado de macaco. A notícia é triste, mas não é novidade. Esse comportamento tem sido combatido pela Champions League e pela FIFA já há alguns anos em campos não só espanhóis, mas também ingleses, italianos e franceses, só pra citar os grandes polos do futebol europeu.
O que me chamou a atenção foi o fato do jogador de se autodefinir como "moreno claro de pais negros". Que diacho é isso??? Que nova etnia é essa? Na verdade, o jogador achou que a baboseira gilbertofreireana ia salvá-lo de ser tratado como negro na Europa.
A tese da "morenidade" e da "mulatinidade" só funciona no Brasil, e mesmo assim, em algumas áreas da sociedade (com a polícia, por exemplo, não funciona, na hora da dura, todo policial sabe muito bem definir quem é negro!). No restante do mundo, nos países em que a questão racial foi encarada de frente, estas nuances de cor não existem. Todos sabem de onde vieram, e baseados nisso, sabem bem pra onde vão e quem são.
Daniel, meu querido, você joga muita bola, mas precisa repensar alguns conceitos. Se como você mesmo disse, seus pais são negros, então você é negro. Filho de negros, são negros! Alguns de nós são mais claros, outros mais escuros, mas são negros. Alguns com os cabelos mais crespos, outros menos, mas são negros. Alguns com os olhos castanhos mais escuros, outros mais claros, e poucos até com os olhos verdes como os seus, e que você fez questão de frisar, mas ainda assim, são negros!
O tom da pele é apenas uma, e embora seja a mais óbvia, nem é a mais marcante das características dos afrodescendentes. Seu cabelo, seu nariz e seus lábios deixam explícito suas raízes. Você, e muitos irmãos e irmãs afrodescendentes podem até tentar se disfarçar de "moreno", "mulato", e o que mais suas imaginações férteis inventarem, mas, meu velho, preto é preto, branco é branco, e sempre que você se esquecer disso, o sistema vai te lembrar... De um jeito ou de outro!
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