sexta-feira, 1 de abril de 2011

Caso Preta Gil/Bolsonaro

Estive acompanhando os desdobramentos do caso Preta Gil contra o deputado Jair Bolsonaro. Não vou relembrar o caso aqui porque tá todo mundo sabendo o que aconteceu. Jair Bolsonaro é um político da chamada extrema direita, é do partido do Maluf o PP - Partido Progressista (aliás, só no Brsil o partido de um cara como o Bolsonaro ou o Maluf é chamado de progressista e o do Marco Maciel, do ACM e família e do José Agripino é chamado de democrata... Brasil-sil-sil...).

Enfim, como extrema direita que é, é conservador, odeia minorias, acha que Sem-Terra é bandido, que homossexual é sem-vergonha e, pelas declarações que têm dado, que mulher preta é promíscua. O que não é nenhuma novidade no racismo à brasileira... A mulher negra é fetiche e fantasia na cabeça de muitos homens brancos desde os tempos do Brasil Colônia. Os senhores de escravos sempre deram suas puladinhas de cerca estuprando suas escravas. Assim se deu o processo de miscigenação do país, com violência, com estupro, em mais uma forma de desumanizar os africanos trazidos para cá. Com fama de "fogosas" e "desfrutáveis", esse esteriótipo foi explorado por séculos. A "mulatização" foi um processo muito bem engendrado, ganhou ares de tese sociológica nas páginas de "Casa Grande & Senzala", de Gilberto Freire, um dos maiores manifestos do racismo brasileiro, mentiroso em sua foma e perverso em sua essência, e persegue as mulheres negras até hoje.

Bolsonaro disse que, quando declarou que seu filho nunca se casaria com alguém criado no ambiente em que Preta Gil cresceu, ele destruiu seu próprio argumento de que se referia à homossexuais. Não se tem notícia de que Preta tenha sido criada num lar de, ou com homossexuais. Preta Gil fora criada num lar de negros! Mais, se a alusão à promiscuidade foi feita para explicar o não casamento de seu filho com homossexuais, esse argumento também não se sustenta porque a pergunta de Preta Gil foi bem clara: ela usara o termo "casamento". Casamento pressupõe compromisso, portanto, exclui promiscuidade, já que, em tese, e deveria ser assim, casamento é uma relação entre duas e apenas duas pessoas. O que quero dizer é que, sim, ele se referiu à Preta como promíscua, por ela ser uma mulher negra! Porque as negras são, para um "coroné" com arroubos de sinhozinho como Bolsonaro, "desfrutáveis", com um fogo debaixo da saia que não se apaga, portanto, não é alguém para estar ao lado de seu filho. E o deputado deve saber do que fala, já que se defende da acusação de racista dizendo que é casado com uma mulher negra. Muito bem, deputado, como bom sinhozinho que é, o senhor conseguiu o sonho de consumo de todo coroné, o senhor conseguiu a sua, segundo suas próprias palavras, "mulata".

Por fim, supondo que fossem declarações "apenas" contra a homossexualidade, quero mais uma vez reiterar meu total apoio à causa do movimento LGBTTT e à todas as suas reivindicações, incluindo aí a criminalização da homofobia e à união civil de homossexuais.

Quanto ao Congresso, espero sinceramente por todas as sanções previstas em lei contra o deputado Jair Bolsonaro, ciente de que, embora a favor da total e irrestrita liberdade de expressão, mensagens de intolerância e ódio devem ser coibidas e punidas com rigor, pois se provaram, ao longo da história da humanidade, estopins para genocídios, holocaustos, torturas, encarceramentos, escravizações e outras tragédias que não podem mais voltar a acontecer.

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